Os dados constam de um inquérito da organização de defesa dos consumidores, divulgado no Dia Mundial do Doente que hoje se assinala, e que revela que a satisfação dos portugueses com os cuidados de saúde prestados pelo médico de família é elevada, atingindo os 8 pontos em 10 possíveis.

Segundo a DECO Proteste, nessa escala de 01 a 10, a evolução da satisfação dos utentes passou de 6,6 em 2000 para os 8 em 2024.

"Apesar desta evolução, o acesso a consultas continua a ser um desafio, com tempos de espera preocupantes", refere a associação de consumidores num comunicado relativo ao inquérito realizado entre junho e julho de 2024 com mais de seis mil participantes.

De acordo com os dados agora divulgados, mais de metade (52%) das consultas não urgentes com o médico de família implicam uma espera de pelo menos um mês e, em 30% dos casos, o tempo espera ultrapassa os dois meses.

"Esta situação representa um agravamento face a 2019, quando apenas 31% das consultas registavam esperas superiores a um mês", alerta a DECO, ao salientar que a dificuldade em marcar consultas reflete-se também na procura pelas urgências.

No período em análise, apenas 34% dos inquiridos contactaram previamente a linha SNS 24, enquanto 64% optaram por se dirigir diretamente aos hospitais públicos, dos quais 46% devido à indisponibilidade de consultas de urgência no centro de saúde, 30% por estar fechado e 24% por funcionar num horário muito limitado.

"Embora o tempo médio de triagem nas urgências hospitalares seja de 14 minutos, o tempo total até à alta hospitalar ronda as três horas e 45 minutos", avançou ainda o comunicado.

A DECO considerou também "preocupante" que 16% dos portugueses não tivesse médico de família, um número que considera em linha com os dados oficiais.

Segundo os últimos dados do portal da transparência do SNS, um total de 1.522.545 utentes não tinha médico de família atribuído em Portugal continental no final de 2024, ano que terminou com 10.499.613 pessoas inscritas nos cuidados de saúde primários.

A associação de consumidores apelou ainda à adoção de "medidas urgentes para combater os longos tempos de espera", que afetam a satisfação global com os centros de saúde (6,4 pontos em 10), apesar de este indicador ter subido em relação aos 5,1 registados em 2000.

Entre junho e julho de 2024, foi enviado um questionário em papel a uma amostra da população entre os 25 e os 84 anos, tendo sido validadas 1.591 respostas válidas que foram ponderadas em função de género, idade, nível educacional e região, indicou a DECO

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