O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou, nesta quarta-feira, que a Ucrânia não consultou Berlim sobre a sua incursão militar na Rússia, iniciada a 6 de agosto. Scholz disse ainda, de acordo com a agência Reuters, que espera que a operação militar seja limitada no tempo e em território.

Numa conferência de imprensa após conversações com o Presidente da Moldávia, Maia Sandu, em Chisinau, Scholz garantiu que Berlim estava a monitorizar de perto os novos desenvolvimentos em torno da ofensiva ucraniana. “A Ucrânia preparou a sua operação militar na região de Kursk muito secretamente e sem esperar feedback, o que certamente se deve à situação”, justificou Olaf Scholz. “Esta é uma operação muito limitada em termos de espaço, e, provavelmente também, em termos de tempo.”

O líder alemão sustentou, contudo, que Berlim continuará a ser “o maior apoiante da Ucrânia na Europa”, depois da controvérsia, gerada nos últimos dias, sobre o recuo do apoio alemão a Kiev devido à política interna. A coligação tripartida de Scholz, que tem lutado para chegar a um acordo para o seu orçamento, planeia reduzir para metade a ajuda no próximo ano, apostando que o défice será compensado por um plano do G7 de emprestar à Ucrânia 50 mil milhões de dólares.

Dmitry Medvedev garantiu que não haverá negociações com a Ucrânia, após a incursão em Kursk. A ofensiva militar da Ucrânia na região russa de Kursk significa que não haverá conversações entre Moscovo e Kiev até que a Ucrânia seja completamente derrotada, vincou o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia. Como tem sido habitual, as palavras de Medvedev voltaram a endurecer: “Acabou a conversa fiada de intermediários que ninguém nomeou sobre a paz maravilhosa. Toda a gente entende tudo agora, mesmo que não o diga em voz alta. Não haverá negociações até à derrota completa do inimigo.”

Expresso

Kiev refere que destruiu pontes flutuantes russas com armas produzidas nos EUA. Um vídeo publicado pelas forças especiais ucranianas mostrou os ataques em várias travessias fluviais na região de Kursk, onde a Rússia detetou a destruição de pelo menos três pontes sobre o rio Seym. "As pontes flutuantes russas desaparecem na região de Kursk. Os operadores destroem-nas com precisão", congratularam-se as Forças de Operações Especiais da Ucrânia, na rede social Telegram. Sistemas de mísseis HIMARS fabricados nos EUA foram usados em operações para interromper a logística russa na região de Kursk.

“É claro que esta guerra em geral é muito perigosa”, afirmou, em declarações ao Expresso, Cristoph Bluth, professor de Relações Internacionais da Universidade de Bradford, no Reino Unido. Mas as “linhas vermelhas” são ideias fictícias, alegou. “A Rússia não dispõe de meios para alargar ou escalar a guerra convencional, e é efetivamente dissuadida da escalada nuclear. Enquanto a guerra não se aproximar demasiado de Moscovo, as reações permanecerão limitadas.”

Nesta quarta-feira, no entanto, Kiev apontou a Moscovo. A Ucrânia atacou Moscovo nesta quarta-feira, com pelo menos 11 drones, que foram abatidos pelas defesas aéreas. Segundo as autoridades russas, trata-se de um dos maiores ataques com drones na capital desde o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022. O Ministério da Defesa da Rússia detalhou que as suas defesas aéreas destruíram um total de 45 drones sobre o território russo, incluindo 11 sobre a região de Moscovo, 23 sobre a região fronteiriça de Bryansk, seis na região de Belgorod, três na região de Kaluga e dois sobre a região de Kursk.

Outras notícias a destacar:

⇒ Os serviços de informações ucranianos informaram que na passada sexta-feira três aviões de combate russos foram destruídos num ataque contra um aeródromo na região russa de Nizny Novgorod. De acordo com dados fornecidos a meios de comunicação ucranianos, a base aérea russa de Savasleika foi atacada por drones kamikaze ucranianos, no dia 16 de agosto, e como resultado desta operação foram destruídos um MiG-31 K/I, bem como dois II-76.

⇒ O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, defendeu que o levantamento das restrições à utilização das capacidades militares da Ucrânia permitiria avanços nos esforços de paz e salvar vidas neste país. Borrell afirma que "o levantamento das restrições à utilização das capacidades contra os militares russos envolvidos na agressão contra a Ucrânia, em conformidade com o direito internacional, teria vários efeitos importantes".

⇒ O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu no Kremlin o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que assinou esta manhã um acordo de cooperação em investimentos no âmbito da visita oficial a este país. "Os nossos países desenvolveram planos conjuntos de grande escala nas esferas económica e humanitária, esperamos que para muitos anos", disse Putin no início da reunião. O líder russo, que visitou a China em maio passado, assegurou que as relações comerciais bilaterais estão a desenvolver-se "com sucesso".