Carlos Eduardo Reis, arguido no processo "Tutti-Frutti", suspenderá o mandato no fim do mês de fevereiro. O deputado do PSD diz que não queria suspender o mandato, mas não sente confiança política da bancada parlamentar dos sociais-democratas.
"O limite que eu coloco é a confiança política e, se o grupo parlamentar entende que não há confiança política, não vou continuar", aponta.
Em entrevista à SIC Notícias, garante que não passará a deputado não-inscrito. Carlos Eduardo Reis diz que não há choque com o grupo parlamentar, mas existem visões diferentes.
O social-democrata justificou a demora na tomada de decisão com a sua presença numa conferência da OCDE em Paris e criticou a rapidez com que a política exige reações imediatas, referindo-se à dinâmica atual como "política fast food".
Na terça-feira, o Ministério Público deduziu acusações contra 60 arguidos no âmbito do processo 'Tutti Frutti' por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência. Entre os acusados estão dois deputados do PSD, Luís Newton e Carlos Eduardo Reis.
Carlos Eduardo Reis diz que soube da acusação pela comunicação social e que ainda não foi notificado pelas autoridades. Ao regressar a Portugal, aguardava uma reunião com a liderança parlamentar do PSD, mas acabou por ceder uma entrevista à SIC Notícias antes mesmo de falar com Hugo Soares. Entende que o líder da bancada social-democrata tornou a "reunião pública" quando insistiu que Carlos Eduardo Reis não podia continuar no Parlamento numa entrevista à SIC Notícias, esta semana.
O ainda deputado alega que, à data dos factos investigados, era empresário e não exercia funções públicas. Desde 2019, afirma ter-se dedicado exclusivamente à política, sendo eleito três vezes para a Assembleia da República e conquistando um mandato como vereadora da Câmara de Barcelos - mandato esse que continuará a exercer, segundo revela.
O social-democrata estava a ponderar "cumprir o estatuto de deputado" e, por isso, manter-se em funções até existir uma acusação definitiva. No entanto, não sente confiança política do líder da bancada, com quem admite ter divergências.
" Se me retiram a confiança política, estão a entregar a escolha dos deputados ao Ministério Público. Não é correto nem saudável. Até porque troca a presunção de inocência pela presunção de culpado.", afirma.