"Concordámos com um cessar-fogo imediato nas instalações e infraestruturas energéticas, com o entendimento de que trabalharemos rapidamente para alcançar um cessar-fogo total e, finalmente, um fim para esta guerra verdadeiramente horrível entre a Ucrânia e a Rússia", escreveu Trump, depois de uma conversa telefónica com o líder do Kremlin.

O telefonema ocorreu às 14:00 (hora de Lisboa) e durou mais de 90 minutos, de acordo com a Casa Branca.

Trump considerou a conversa "muito boa e produtiva" e reiterou a sua crença de que, se estivesse no poder, não se teria iniciado este conflito, em fevereiro de 2022, com a invasão russa do país vizinho, durante a administração do antecessor, o democrata Joe Biden.

Na conversa com Putin, o líder norte-americano acrescentou que foram discutidos "muitos elementos de um acordo de paz, incluindo o facto de milhares de soldados estarem a ser mortos" no conflito que se prolonga há mais de três anos.

"Tanto o Presidente Putin como o Presidente [da Ucrânia, Volodymyr] Zelensky querem que isto acabe. Este processo está agora a todo o vapor, e espero que, para o bem da humanidade, alcancemos o nosso objetivo", disse ainda o político republicano.

Os Presidentes dos Estados Unidos e da Rússia concordaram ainda com um cessar-fogo de 30 dias no conflito na Ucrânia, embora limitado a ataques contra alvos energéticos e infraestruturas, anunciou a Casa Branca.

Trump e Putin também acordaram iniciar as negociações de paz de imediato, indicou um comunicado da presidência norte-americana, que elogiou o "imenso benefício" de uma melhor relação entre Washington e Moscovo e o potencial para "enormes acordos económicos".

As futuras negociações deverão ter lugar no Médio Oriente.

A Ucrânia já dera o aval a um acordo de cessar-fogo de 30 dias, proposto pelos Estados Unidos, instando Putin a fazer o mesmo.

No seguimento do telefonema, a presidência russa indicou ter concordado em suspender os ataques às infraestruturas energéticas da Ucrânia durante 30 dias, descrevendo a conversa como "detalhada e franca".

Vladimir Putin "emitiu imediatamente a ordem correspondente aos militares russos", referiu, em comunicado, o Kremlin.

O Presidente russo está pronto para "trabalhar com os parceiros norte-americanos numa análise completa das possíveis formas de chegar a um acordo, que deve ser abrangente, estável e duradouro", acrescentou.

Moscovo concordou também com a troca de 350 prisioneiros de guerra -- 175 de cada lado - com a Ucrânia, na quarta-feira e, como gesto de boa vontade, Putin informou o homólogo norte-americano que Moscovo ia entregar 23 prisioneiros gravemente feridos a Kiev.

Sem dar o consentimento cabal ao plano de cessar-fogo de 30 dias que a Ucrânia já aceitou sob pressão de Donald Trump, a Rússia estabeleceu condições para o fim das hostilidades, incluindo o fim do rearmamento de Kiev, e a interrupção da ajuda militar ocidental às forças ucranianas.

Além da suspensão dos ataques às infraestruturas, a Casa Branca assinalou também "negociações técnicas sobre o estabelecimento de um cessar-fogo marítimo no mar Negro, um cessar-fogo abrangente e uma paz duradoura" na Ucrânia.

Desde que regressou ao poder, em 20 de janeiro, Donald Trump iniciou uma reaproximação à Rússia, após o congelamento de relações entre os dois países durante o mandato de Biden, devido à invasão da Ucrânia.

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