
O presidente norte-americano, Donald Trump, defendeu, esta sexta-feira, que a península ucraniana da Crimeia "ficará com a Rússia", prosseguindo a narrativa de Washington de que Kiev deverá preparar-se para ceder território num acordo de paz com a Rússia.
Numa entrevista à revista Time, o líder norte-americano afirmou que o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, "compreende isto" e justificou os seus argumentos com a prolongada presença russa no território.
A Crimeia é uma península estratégica ao longo do Mar Negro, no sul da Ucrânia, tomada pela Rússia em 2014, quando o Presidente norte-americano, Barack Obama, estava em funções, oito anos antes da invasão russa em grande escala, em fevereiro de 2022.
"Eles já tinham os seus submarinos lá muito antes de qualquer período de que estamos a falar, há muitos anos. A população fala principalmente russo na Crimeia", argumentou Trump, insistindo que o território "foi dado por Obama, não foi dado por Trump".
Apesar da ocupação, a anexação da Crimeia não é reconhecida pela generalidade da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos.
Na quinta-feira, o líder da Casa Branca disse que tem o seu próprio prazo para um acordo entre Rússia e Ucrânia e insistiu que espera um entendimento rápido, após ter criticado Kiev pela demora e Moscovo pelos seus últimos ataques.
"Tenho o meu próprio prazo e queremos que seja rápido", declarou Trump ao ser questionado pelos jornalistas durante um almoço de trabalho com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, na Casa Branca.
Trump e Putin de acordo, falta Zelensky
O Presidente norte-americano disse acreditar que "ambos os lados querem a paz, mas precisam de se sentar à mesa", lamentando uma espera que se prolonga "há muito tempo".
No dia anterior, Donald Trump referiu-se a um "acordo com a Rússia" para acabar com a guerra na Ucrânia, declarando que o homólogo ucraniano tem sido um entrave às negociações.
"Temos de chegar a um acordo com Zelensky, mas até agora isso tem sido mais difícil", acrescentou.
No seguimento dos ataques russos que provocaram pelo menos 12 mortos e cerca de 90 feridos na madrugada de quinta-feira em Kiev, o líder da Casa Branca dirigiu porém as suas críticas para o Presidente russo, Vladimir Putin.
"Não estou satisfeito com os ataques russos a Kiev. Desnecessários e inoportunos. Vladimir, basta!" escreveu na sua rede social, Truth Social.
Nas suas declarações aos jornalistas, Donald Trump não respondeu se planeia impor novas sanções a Moscovo caso os bombardeamentos continuem. Indicou, por outro lado, que os Estados Unidos estavam a colocar uma "forte pressão" sobre a Rússia para pôr fim à guerra. Ao mesmo tempo, disse que "a Ucrânia também precisa de querer chegar a um acordo" e defendeu que a Rússia já fez "uma grande concessão" ao abdicar de controlar todo o país vizinho, numa sugestão de que pretende forçar Kiev a ceder parte do seu território.
O Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu, esta sexta-feira, o emissário norte-americano Steve Witkoff para discutir o plano de paz da Casa Branca, informou o Kremlin. Antes de se encontrar com Putin, Witkoff teve uma breve reunião com o negociador económico russo Kiril Dmitriev.