"Nós temos um acordo bilateral" com a Tanzânia, anunciou a ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria dos Santos Lucas, no balanço das atividades do seu país no primeiro dia da cimeira da União Africana, que decorre na Etiópia.

"O Presidente [Daniel Chapo] agradeceu o facto de a SAMIM [Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique] se ter retirado, mas a Tanzânia ficou no terreno e continua a apoiar-nos. Então o Presidente agradeceu e a Tanzânia disse que estava disponível para continuar a apoiar Moçambique na luta contra o terrorismo", acrescentou Maria dos Santos Lucas.

As garantias foram dadas ao Presidente moçambicano após encontro com a Presidente da República da Tanzânia, Samia Hassan Suluhu, à margem da 38.ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA), que decorre em Adis Abeba, capital da Etiópia.

Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O então chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, tinha garantido, em 02 de julho de 2024, que a Tanzânia ia continuar "de forma bilateral" a apoiar o combate contra os grupos armados em Cabo Delgado, mesmo com a saída da missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM, na sigla em inglês), de que faz parte.

A SAMIM estava em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em agosto de 2023, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês) aprovou o prolongamento por mais 12 meses, até julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva.

A missão compreendeu tropas de oito países da SADC, "trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado".

A Tanzânia faz fronteira com duas províncias do norte de Moçambique, nomeadamente Niassa e Cabo Delgado, esta última afetada por ataques de grupos armados.

O último grande ataque reclamado por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico deu-se em 10 e 11 de maio de 2024, à sede distrital de Macomia, em Cabo Delgado, com cerca de uma centena de atacantes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e militares ruandeses, que apoiam Moçambique no combate aos rebeldes.

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