“Tal como a maioria dos portugueses, olho para o país e não gosto do que vejo”. Quem o diz é António José Seguro, que esta segunda-feira decidiu comentar a atual situação política nacional através de um post na rede social Facebook. Mas não se fica pelo comentário, o socialista aproveita para deixar um conselho ao Presidente.

“Sugiro ao Presidente da República que chame a Belém, o Primeiro-Ministro. Recordo o artigo 190.º da Constituição, ‘O Governo é responsável perante o Presidente da República e a Assembleia da República’”.

O socialista, que está a ponderar uma candidatura presidencial, entende que “este momento exige transparência e liderança firme para que os eleitores não percam confiança nas instituições”.

Mais, escreve Seguro: “A ser verdade” que o chefe do Governo e chefe de Estado não falam desde o final da reunião extraordinária do Conselho de Ministros do passado sábado e da declaração ao país de Luís Montenegro, “esta reunião justifica-se com mais premência”.

“O Presidente da República e o Primeiro Ministro não podem ter estados de alma. Em primeiro lugar está Portugal”, conclui Seguro.

Marcelo não atendeu telefone a Montenegro

O comentário do socialista foi publicado depois de a SIC ter revelado que no sábado, Luís Montenegro ligou para o Palácio de Belém cerca de meia hora depois de se ter dirigido ao país mas Marcelo não atendeu.

“O primeiro-ministro tem direito de não ligar mas podia ouvir a minha opinião”, disse o Presidente Marcelo à SIC.

No sábado à noite, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o Executivo "dispõe de condições para continuar a executar" o seu programa, após ter sido noticiado que a Spinumviva, empresa detida pela sua mulher e filhos, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde.

Pouco depois, o PCP anunciou que iria apresentar uma moção de censura ao Governo - texto que já foi conhecido no domingo - defendendo que "não está em condições de responder aos problemas" de Portugal e "não merece confiança", mas sim censura.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, disse que não iria viabilizar a moção de censura do PCP, considerando que os comunistas tinham "mordido o isco lançado pelo Governo", mas afirmou que, se o Governo apresentar uma moção de confiança, o PS a chumbaria, frisando que não tem confiança no executivo de Luís Montenegro.

"O PS não quer instabilidade, o PS quer esclarecimentos que são devidos a todos os portugueses", disse.

Depois destas declarações, o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse que, caso a moção de censura anunciada pelo PCP seja rejeitada no Parlamento, "não há uma justificação" para o Governo apresentar uma moção de confiança.

Já no domingo, o Livre pediu uma audiência ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, por considerar que está em causa o regular funcionamento das instituições, com um "Governo que não está nem morto, nem vivo".

Com LUSA