A Grécia assumiu hoje a presidência mensal do Conselho de Segurança da ONU, durante a qual dará especial prioridade a questões como segurança marítima, mas também à proteção de civis em conflitos armados, indicou hoje o embaixador grego.

No terceiro mês consecutivo em que o Conselho de Segurança é presidido por um Estado europeu, o embaixador grego junto das Nações Unidas (ONU), Evangelos Sekeris, assegurou que esse fator proporcionará cooperação e algum tipo de continuidade ao trabalho que foi desempenhado nos dois meses anteriores pelas presidências da Dinamarca e da França.

Ao apresentar a agenda para o mês de maio, Sekeris afirmou que o evento principal da sua presidência acontecerá no dia 20, com um debate aberto de alto nível sobre segurança marítima e que contará com a presença em Nova Iorque do primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, além do secretário-geral da ONU, António Guterres

Através deste debate, intitulado "Segurança Marítima Reforçada através da Cooperação Internacional para a Estabilidade Global", a Grécia demonstrará o seu interesse, "enquanto Estado-membro, enquanto nação marítima, enquanto país com uma das maiores frotas mercantes", num "assunto tão importante".

"Acreditamos que este é um debate que une o Conselho em torno dos principais desafios que enfrentamos, porque todos sabemos da importância da segurança marítima para a liberdade de navegação, para a segurança das cadeias de abastecimento, para a consciencialização sobre as complexidades e a gravidade desta questão. Abordaremos o assunto de forma holística", afirmou o diplomata, numa conferência de imprensa acompanhada pela Lusa.

Dois dias após este evento, em 22 de maio, haverá o debate anual sobre a proteção de civis em conflitos armados, elevado pela Grécia ao nível ministerial, e que será presido pelo ministro dos Negócios Estrangeiros grego, Giorgos Gerapetritis.

No debate, o Conselho de Segurança receberá o relatório anual do secretário-geral sobre esse dossiê, sendo ainda esperadas apresentações do subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, da diretora executiva da ONU Mulheres, Sima Sami Bahous, e da presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Mirjana Spoljaric Egger.

Além desses dois eventos, o Conselho de Segurança da ONU abordará ao longo deste mês uma série de outros temas, como o regime de sanções ao Sudão do Sul ou a situação no Líbano, no Iémen, na Coreia do Norte e na Síria.

Votará também uma resolução que renova por um ano a autorização para os Estados-membros inspecionarem as embarcações em alto mar na costa da Líbia, e terá ainda um debate semestral sobre a Bósnia-Herzegovina.

No dia 28, terá lugar uma reunião sobre a situação humanitária em Gaza e na Cisjordânia, mas a Grécia não descarta vir a ter outras reuniões sobre este conflito no Médio Oriente ao longo do mês, assim como sobre a guerra na Ucrânia.

Questionado sobre uma potencial reunião em torno das crescentes tensões entre a Índia e o Paquistão desde um atentado mortal em abril, Evangelos Sekeris não descartou essa possibilidade caso a situação continue a escalar, mas recusou confirmar se algum Estado-membro já havia feito um pedido nesse sentido.

"Estamos a monitorizar a situação de perto e veremos o que acontece. (...) Devo dizer que também estamos seriamente preocupados com a crescente tensão bilateral na atmosfera que se tem vindo a desenvolver entre a Índia e o Paquistão. (...) Sabemos que os Estados-membros de maior dimensão já estão em contacto com ambos os lados", disse.

"Se a situação não acalmar, convocar uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança é algo que pode vir como consequência, porque é, na verdade, a principal tarefa do Conselho de Segurança", acrescentou o embaixador grego, referindo-se ao principal mandato deste órgão da ONU, que passa por manter a paz e a segurança internacionais.