Um dia depois de ter afirmado que "não há razões de queixa" dos trabalhadores na Madeira, Paula Margarido foi esta sexta-feira alvo de críticas por parte dos sindicatos – USAM e UGT - e também do cabeça-de-lista do PS às eleições Legislativas nacionais, Emanuel Câmara.

A secretária com a tutela do Trabalho admite ser criticada mas considera que foi vítima da descontextualização da declaração proferida ontem, Dia do Trabalhador, ao mesmo tempo que corrige os dados estatísticos apontados pelo candidato socialista.

Reconhece que “quem está em política e quem se expõe, efectivamente, tem que saber ouvir as críticas, mas a verdade é que me parece que aquilo que eu disse foi descontextualizado quando eu também acabei por referir que é natural que as associações representativas dos trabalhadores queiram sempre mais para os seus inscritos a nível de sindicato e que é natural também que os empregadores pretendam, de certa forma, não é limitar, mas ter uma outra leitura das reivindicações dos trabalhadores”, começou por explicar. Recorda que até deu como exemplo as famílias “em que os pais querem sempre mais e os filhos querem sempre menos” E isto para concluir que “as críticas são aceitáveis, mas não podemos, e porque dados estatísticos são sempre dados estatísticos, e fazer uma leitura estatística de uma realidade que é não abstracta, mas concreta pode nos levar a interpretações erradas”, referindo-se aos números apresentados por Emanuel Câmara.

No entender da secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude, não é correcto invocar a remuneração bruta mensal nacional média por trabalhador.

“A remuneração bruta mensal nacional média por trabalhador que foi referida não significa ou não é igual a dizer que a Madeira tem a remuneração bruta mensal nacional média por trabalhador mais baixa. Porquê? Porque esta remuneração é dada em termos nacionais e que não desagrega as nove regiões e para este resultado nacional da tal remuneração bruta mensal nacional muito conta a região de Lisboa onde se encontram as grandes empresas designadamente da área da energia e da informática com um elevado número de trabalhadores que têm uma remuneração muito, muito robusta. Daí que esta média é muitas vezes empurrada por esta região de Lisboa”, esclarece.

Nas contas de Paula Margarido apontar a média nacional sem a desagregar por regiões “dá uma leitura que não é a adequada a cada região”. Tanto assim é que de acordo com o mapa do Ministério do Trabalho “verificamos que a RAM está em quinto lugar numa posição intermédia e que de facto vai ao encontro daquilo que nós também já sabemos em termos de dados estatísticos de inscrição do número de desempregados no Instituto de Emprego da Madeira que são 6.595 desempregados”, concretiza.