"O que é que Luís Montenegro quer com as eleições? Quer uma absolvição e, portanto, quer pôr os eleitores no lugar de juízes. Quer que a gente lhe diga que nada disto tem importância, que isto é tudo normal e é isso que ele nos está a tentar dizer", afirmou Rui Tavares, a propósito da polémica que envolve a antiga empresa do primeiro-ministro e candidato do PSD, Luís Montenegro, e que levou à queda do Governo.

No Mercado de Cascais, no distrito do Lisboa, local escolhido pelo partido para arrancar a campanha eleitoral, o porta-voz do Livre entendeu que Luís Montenegro não pode pôr os eleitores perante a sondagem e dizer para o absolver, alegando que a absolvição é, no sistema democrático português, uma competência de outro poder.

Na sua opinião, o que Luís Montenegro pretende é normalizar este tipo de comportamentos, ressalvando que um primeiro-ministro não pode ter uma empresa destas.

"O que quer é que os portugueses digam: sim senhor, é normal a ética é para os escandinavos, aqui em Portugal temos que nos conformar que todos os políticos de uma maneira ou de outra têm estas confusões e estas manhas", sublinhou.

E acrescentou: "Imaginem só o que é que seria um Luís Montenegro que saísse destas eleições com uma absolvição? Em tudo o que viesse a ser descoberto ainda de mais grave, ele diria os eleitores já decidiram, não há nada para ver, sigamos adiante".

Segundo Rui Tavares, o país está "numa encruzilhada muito séria para a fasquia ética na governação" e que uma má governação em termos éticos dá maus resultados em termos práticos também.

Rui Tavares salientou que Luís Montenegro, ao não se demitir, forçou a sua recandidatura e atirou o país para "um túnel ao fundo do qual teria que haver eleições".

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