O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o lançamento de uma série de projetos destinados a desenvolver a logística, o turismo e o desporto no Ártico, segundo um documento publicado pelo Kremlin.

Estas iniciativas incluem a construção de um corredor logístico entre a cidade de São Petersburgo e a ponta oriental de Vladivostok, passando pela cidade de Arkhangelsk, no Mar Branco.

Esta rota, maioritariamente marítima e que se estende ao longo do norte do país, requer também a "modernização das instalações de construção e reparação naval", depois de "ter sido considerada a questão da construção de novos estaleiros e identificadas as possíveis localizações para o efeito", refere o documento publicado na página da internet do Kremlin, citado pela agência de notícias russa TASS.

A par desta iniciativa, é feito um apelo ao aumento da frota de quebra-gelos nucleares até 2035.

O turismo também é visado, assinalando "o potencial nos territórios árticos, principalmente nas regiões de Yamalo-Nenets, Careli, Arkhangelsk e Murmansk".

O documento apela à apresentação de propostas para desenvolver o setor nestes territórios e "dotá-los de transportes e outras infraestruturas".

Além disso, os governos federal e regional de Murmansk, no extremo nordeste da Rússia, planeiam criar um centro de desportos de inverno na mesma região entre 2026 e 2030.

O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou igualmente a criação do Fundo de Investimento para o Desenvolvimento do Ártico até 01 de junho, tendo como responsáveis o primeiro-ministro, Mikhail Mishustin, e o diretor do Fundo de Investimento Direto Russo, Kiril Dmitriev.

Nos últimos meses, Dmitriev tem sido um dos principais delegados encarregados das negociações com o Ocidente para alcançar a paz na Ucrânia.

O documento, que tem em conta os resultados da viagem do Presidente russo à cidade de Murmansk, em março, prevê o arranque de uma série de projetos de investimento e dá-lhes prazos para os primeiros resultados.

Num outro documento também publicado pelo Kremlin, Vladimir Putin ordenou à Gazprom, empresa russa de energia, que construa e ponha em funcionamento até 2030 o gasoduto Volkhov-Murmansk para o extremo norte do país, onde ainda se utiliza o fuelóleo.

Putin estabeleceu o prazo de 01 de julho para o primeiro relatório, após o qual receberá informações anuais.

O objetivo é abastecer de gás uma das regiões da Rússia de difícil acesso devido às condições climatéricas extremas, onde um grande número de pessoas vive do fuelóleo como fonte de energia para os sistemas de aquecimento.

O custo estimado da construção é de 300 mil milhões de rublos (mais de 3,3 mil milhões de euros) e terá uma extensão de 800 quilómetros com uma capacidade de 40 mil milhões de metros cúbicos.

Depois de a Gazprom, a maior exportadora de gás natural do mundo, ter perdido a maior parte das receitas das exportações de gás para a União Europeia, devido às sanções impostas após o início da guerra na Ucrânia, em 2022, teve de se reorientar para o mercado interno e para a China, mas as vendas de gás para a vizinha Ásia não compensaram as perdas, e muito menos a campanha pouco rentável de gaseificação do país.