O candidato único à liderança do PSD, Luís Montenegro, compromete-se com o apoio do partido a uma opção para as eleições presidenciais abrangente e diz que aguardará pelas "disponibilidades eventuais de militantes do partido".
A moção de estratégia global à liderança do PSD de Luís Montenegro, intitulada "Acreditar em Portugal", foi entregue esta tarde na sede do partido, informou a direção de campanha.
No texto, de 26 páginas, aponta-se como primeira meta para o ciclo de dois anos do mandato vencer as autárquicas de 2025: "Assumimos o objetivo de tornar a colocar o PSD na liderança da Associação Nacional de Municípios (ANMP) e da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE)", lê-se no texto.
Um candidato que capte "eleitores de outras áreas políticas"
Já sobre as presidenciais de janeiro de 2026, a moção recorda tratar-se de "uma eleição unipessoal, onde as candidaturas surgem da vontade individual das personalidades que se propõem a desempenhar a função de Presidente da República".
"Sempre defendemos, portanto, que as candidaturas não devem nascer nos partidos, o que não quer dizer que os partidos as não possam apoiar e até estimular. No caso do PSD, seguiremos a tradição de aguardar as disponibilidades eventuais de militantes do partido com apetência e qualificação pessoal e política para o cargo", refere- se.
Amoção defende que há, nos quadros do PSD, "militantes com notoriedade e conhecimento profundo e transversal do país, das políticas públicas, das instituições democráticas e cívicas, da realidade geopolítica internacional, da nossa participação na Organização das Nações Unidas, na União Europeia, na Nato, na CPLP e em todas as plataformas internacionais em que intervimos".
"Personalidades que dão garantias de isenção e competência para cumprir as responsabilidades que a Constituição da República atribui ao mais alto magistrado da Nação", lê- se.
Ainda assim, ressalva-se que a opção apoiada pelo PSD será "necessariamente abrangente e merecedora da confiança de eleitores de outras áreas políticas ou sem vinculo de identidade política predefinida". "Uma candidatura dirigida a todos os portugueses sem exceção ou discriminação", refere o texto.
Na Moção “Acreditar em Portugal”, que será apresentada já no Congresso social-democrata de 21 e 22 de setembro, o perfil definido pelo presidente social-democrata exclui assim o apoio a candidatos como Paulo Portas, Santana Lopes ou Gouveia e Melo.
Os exemplos de Cavaco e Marcelo
Na moção, refere-se que o PSD enfrenta em relação a esta eleição "uma situação particularmente exigente", já que no final do mandato do atual chefe do Estado "cumprir-se-ão 20 anos de mandatos de militantes e antigos presidentes do PSD na Presidência da República".
"No entanto, corre a nosso favor precisamente a forma como quer o professor Aníbal Cavaco Silva quer o professor Marcelo Rebelo de Sousa exerceram o seu magistério sem qualquer preferência partidária e com total imparcialidade e independência", acrescenta o texto.
O candidato à liderança do PSD e atual primeiro-ministro compromete-se ainda a que estas eleições presidenciais "serão totalmente alheias aos governos locais, regionais e nacional", assegurando que a participação do partido se esgotará "na declaração de apoio que manifestará à personalidade" que entender poder ser a mais bem posicionada para cumprir a função.
Sobre as eleições autárquicas, o recandidato ao cargo diz que já "há muitos processos em fase adiantada de preparação", o que permitirá à próxima Comissão Política Nacional (CPN) "começar a tomar decisões desde a sua eleição e investidura no Congresso".
As eleições direitas para presidente da CPN estão marcadas para 6 de setembro e o Congresso para 21 e 22 do mesmo mês, em Braga. Luís Montenegro é candidato único à liderança do partido, o que não acontecia no PSD desde 2016, na última reeleição de Pedro Passos Coelho.