O PS defendeu, esta sexta-feira, que o programa eleitoral da AD "choca com a realidade" e "não é sério nem credível", considerando que um Governo "a várias vozes" sobre a questão do défice "não oferece credibilidade aos portugueses".

"O programa da AD choca com a realidade. Desde logo com a realidade que nos dão as instituições nacionais e internacionais. E choca com o bom senso dos portugueses que adotaram e apreciam as contas certas", disse o deputado e dirigente do PS António Mendonça Mendes, numa primeira reação ao programa eleitoral da AD que foi esta tarde apresentado por Luís Montenegro.

Segundo o antigo secretário de Estado, "ao contrário do PS, a AD promete um crescimento económico que ninguém antecipa" e diz "uma coisa em Portugal e outra coisa em Bruxelas".

"É um programa que não é sério, que não é credível, que não pode ser levado a sério. Nós precisamos de líderes que nos ofereçam segurança e que nos ofereçam credibilidade", acusou o socialista.

"Falta de seriedade"

Perante o aviso deixado na véspera pelo Conselho de Finanças Públicas, para Mendonça Mendes "é muito surpreendente" que Luís Montenegro tenha aquilo que diz ser "um exercício de tão pouca seriedade, que é de dar a ilusão de que pode fazer uma coisa que efetivamente não pode fazer".

O dirigente socialista considera que só haveria dois cenários caso a AD vencesse as eleições: em caso de execução do programa eleitoral "seria o caminho para o desastre" ou então a "falta de seriedade" que acusa primeiro-ministro de ter fará com que "não cumpra aquilo que está no programa eleitoral porque não é possível fazê-lo".

Mendonça Mendes disse que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, "pertenceu a um governo que colocou o país com contas certas e sólidas", acusando o Governo de Montenegro de as ter destruído no último ano.

"O Conselho de Finanças Públicas foi muito claro sobre a irresponsabilidade da trajetória orçamental do governo e aquilo que os portugueses devem procurar é a segurança de líderes como Pedro Nuno Santos, que têm uma garantia com o país", apelou, considerando que não se pode "entrar em aventuras".

Segundo o socialista, "o crescimento médio do PIB de 2,9 % no horizonte até 2029 que a AD apresenta no seu cenário macroeconómico é desmentido pelas projeções do Conselho de Finanças Públicas, do Banco de Portugal e do FMI", além de ser "altamente imprudente".

"Mas também é desmentido pelo próprio Governo, que apresentou em Bruxelas um crescimento médio de 2 % no plano orçamental de médio prazo. Isto não é sério. E este truque do ilusionismo não é novo", criticou.

"Um truque"

Segundo Mendonça Mendes, este "é um truque que pretende ficcionar o crescimento do PIB para justificar a entrada de promessas eleitorais".

"É com esse truque de ilusionismo que Luís Montenegro desmentiu hoje, na apresentação do programa eleitoral da AD, o seu ministro das Finanças, que já hoje assumiu, na reunião do Eurogrupo em Varsóvia, que Portugal entre em défice no próximo ano, tal como, aliás, o PS já tinha antecipado e tem no seu cenário orçamental do programa eleitoral", apontou.

O socialista recordou a conferência de imprensa do ministro da Economia da véspera, na qual Pedro Reis "admitiu num primeiro momento défice, mas foi prontamente advertido pelo primeiro-ministro para voltar a não falar a verdade".

Um dia após o CFP ter previsto o regresso a uma situação de défices orçamentais a partir de 2026, Miranda Sarmento disse: "Posso garantir que, com estas condições económicas, com a informação que temos hoje, nós projetamos excedentes orçamentais para os próximos anos".

"E recordo que em outubro nós entregámos um plano orçamental médio prazo a Bruxelas, que prevê superávites nos próximos anos - menos em 2026, é verdade, por causa do efeito dos empréstimos PRR -, mas prevê superávites nos próximos anos e prevê um crescimento da despesa líquida primária dentro daquilo que era o teto assumido pela Comissão Europeia", disse o ministro.