O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, afirmou esta segunda-feira, após uma conversa telefónica com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que apoia a sua iniciativa de cessar-fogo e instou o Presidente russo, Vladimir Putin, a demonstrar que procura terminar a guerra.

De acordo com um porta-voz do chefe do Governo de Londres, Starmer disse que "o Reino Unido apoia os apelos da Ucrânia para que a Rússia se comprometa com um cessar-fogo abrangente e que agora é o momento de Putin mostrar o quanto leva a sério o fim da sua guerra brutal".

Os dois líderes discutiram também os últimos acontecimentos na formação de uma coligação que Londres e Paris estão a promover para fornecer garantias de segurança para um possível acordo de paz.

Após a conversa com o primeiro-ministro britânico, o Presidente da Ucrânia confirmou a presença de uma delegação do país na capital britânica, na quarta-feira, para negociações com o objetivo de alcançar um "cessar-fogo incondicional" com a Rússia seguido de uma "paz real e duradoura".

"A partir de quarta-feira, os nossos representantes estarão em Londres. A Ucrânia, o Reino Unido, a França e os Estados Unidos estão prontos para avançar da forma mais construtiva possível", declarou Volodymyr Zelensky nas redes sociais.

O encontro com representantes daqueles países deverá realizar-se esta semana na capital britânica, embora a data ainda não tenha sido anunciada oficialmente.

Representantes reuniram em Paris na passada semana

Na semana passada, ucranianos, norte-americanos, franceses e britânicos reuniram-se em Paris, pela primeira vez neste formato, numa altura em que as negociações para um cessar-fogo iniciadas por Washington estão estagnadas e os europeus querem impor a sua voz.

Na altura, Kiev foi representada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Andrii Sybiga, e pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, bem como pelo chefe de gabinete de Zelensky, Andrii Yermak.

A reunião na capital francesa, no entanto, não resultou em qualquer progresso relevante.

Mais tarde, numa conversa com o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, Starmer enfatizou a importância de manter a pressão económica sobre a Rússia para a obrigar a sentar-se à mesa das negociações.

"Os líderes concordaram que o seu apoio à Ucrânia não pode ser diminuído", segundo o porta-voz do Executivo britânico.

Zelensky desafiou Putin

O encontro em Londres surge num momento em que o Presidente ucraniano desafiou o homólogo russo, Vladimir Putin, a aceitar uma trégua de 30 dias nos ataques aéreos com 'drones' e mísseis contra infraestruturas civis.

A proposta foi apresentada no domingo à noite, poucas horas antes de expirar uma trégua no período da Páscoa, declarada unilateralmente pelo líder do Kremlin e aceite por Kiev, mas marcada por acusações de centenas de violações de parte a parte.

"Tudo isto merece um estudo cuidadoso. Talvez bilateralmente, após diálogo. Não descartamos isso. Portanto, analisaremos tudo isto e tomaremos as decisões apropriadas", afirmou esta segunda-feira o Presidente russo aos jornalistas.

A trégua pascal e a proposta de Zelensky seguem-se a declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, na sexta-feira, sugerindo que, se não houver progressos nas negociações indiretas com Moscovo e Kiev numa "questão de dias", Washington poderá abandonar o processo de paz na Ucrânia.

Já no domingo, o líder da Casa Branca disse esperar um acordo "dentro de uma semana" e sugeriu às duas partes que "poderão então fazer bons negócios com os Estados Unidos, que estão a crescer, e ganhar uma fortuna".

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e em armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

Com Lusa