"A excessiva dependência da Autoridade Municipal de Díli em relação ao Ministério da Administração Estatal compromete a capacidade de preparar adequadamente a descentralização do poder local, conforme a política do Governo", afirmou Gregório Saldanha, num comunicado lido à imprensa, na sede da Administração Municipal de Díli.

Gregório Saldanha manifestou também grande preocupação com as questões éticas e sociais que afetam a população mais vulnerável, referindo-se aos despejos administrativos, que ocorrem desde 2024, no âmbito da requalificação urbana da capital timorense.

"Como cidadão, veterano e presidente da Autoridade Municipal, não posso aceitar as práticas violentas que continuam a ser dirigidas contra os cidadãos de Díli, sem antes serem criadas condições alternativas mínimas", disse o responsável.

Gregório Saldanha considerou aquelas ações como desumanas, comparando-as a "práticas cometidas por forças estrangeiras contra a população no passado", e acrescentou que são atitudes irresponsáveis que os timorenses nunca aceitaram até alcançar a independência de Timor-Leste.

O presidente cessante da Autoridades Municipal de Díli também manifestou preocupação com as "irregularidades administrativas e financeiras", que, alegou, ocorrem na administração municipal de Díli.

"Durante o meu mandato, enfrentei graves irregularidades em processos administrativos, incluindo falsificação de documentos e procedimentos duvidosos", afirmou, lamentando os obstáculos à realização de auditorias.

Gregório Saldanha também destacou preocupações relacionadas com decisões unilaterais e falta de coordenação entre a Autoridade Municipal de Díli (AMD) e o Ministério da Administração Estatal (MAE).

"O MAE estendeu contratos com empresas de limpeza sem antes consultar a AMD. Esta atitude prejudica os esforços de melhoria e afeta a higiene e a saúde pública dos cidadãos de Díli", explicou.

Gergório Saldanha também expressou preocupação com conflitos de competência entre a AMD e a Secretaria de Estado da Toponímia e Organização Urbana, que atua diariamente contra vendedores ambulantes ou pessoas pobres que vendem bens em espaços públicos.

"Conclui que esta realidade me impede de desempenhar as minhas funções com eficácia e integridade, que considero essenciais", explicou Gregório Saldanha.

O Ministério da Administração Estatal confirmou hoje o pedido de demissão do cargo, em carta com data de 13 de janeiro.

O ministério explicou que a carta foi enviada para o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, a quem cabe a exoneração e nomeação do presidente da Autoridade Municipal de Díli, que aceitou a demissão.

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