A candidata do partido de esquerda Revolução Cidadã, Luísa González, festejou como uma "grande vitória" os resultados parciais das eleições presidenciais no Equador, que apontam para a realização de uma segunda volta.

"Ganhámos", garantiu González aos apoiantes, apesar de, segundo resultados provisórios do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) equatoriano, surgir na segunda posição, com 44,07% dos votos.

Com 77% dos votos apurados, o atual Presidente do Equador e candidato à reeleição, Daniel Noboa, da aliança conservadora Ação Democrática Nacional (ADN), lidera, com 44,53%.

"Estamos quase empatados tecnicamente, e vamos continuar a crescer em votos e Daniel Noboa vai continuar a cair", disse González.
"Hoje [domingo] o Equador venceu, o país triunfou e nós continuamos mais fortes, porque vamos continuar a crescer", insistiu.

Caso nenhum dos candidatos obtenha pelo menos metade dos votos, o Equador irá a uma segunda volta a 13 de abril, disse a presidente da CNE, Diana Atamaint.

Mais de 13,7 milhões de eleitores equatorianos foram às urnas para eleger o Presidente e os parlamentares da Assembleia Nacional, numa altura em que o país continua assolado pela violência relacionada com o tráfico de drogas.

Henry Romero

"Somos os grandes vencedores. Estamos perante um candidato presidencial que usou bens do Estado para fazer campanha", disse González.
"Ele violou todos os regulamentos legais, cometeu um ato ilegal ao usar ativos e recursos do Estado para executar uma campanha presidencial. É isso que enfrentamos", acrescentou, em referência à recusa de Noboa de se afastar do cargo de Presidente durante a campanha eleitoral.

O Código de Democracia do Equador (lei eleitoral) estabelece que quem se candidata à reeleição imediata deve solicitar uma suspensão do cargo e, no caso do Presidente, está estabelecido que deve ser substituído pelo vice-presidente.

No entanto, Noboa não solicitou a suspensão durante o período de campanha eleitoral, que decorreu de 05 de janeiro a 06 de fevereiro, e, em vez de delegar a presidência na vice-presidente Verónica Abad, delegou-a em Cynthia Gellibert, secretária da Administração Pública.

A justiça do Equador declarou os decretos em que Noboa delegou a presidência em Gellibert como inconstitucionais, mas o executivo reafirmou a sua posição.

González disse que "Daniel Noboa representa o medo", enquanto afirmou que o seu partido simboliza "a mudança e a esperança, esta esperança de trocar a mentira pela verdade, o medo pela esperança, a violência pela paz".

"Não queremos um estado de guerra, mas sim um estado de paz construído sobre a justiça social", disse a candidata, apelando também à unidade.

González demonstrou esperança de obter o apoio, para a segunda volta, do candidato indígena de esquerda Leónidas Iza, que é atualmente o terceiro mais votado, com 4,81% dos votos.