
"Demiti o 18.º Governo e convidei o partido mais votado nas últimas eleições para formar o Governo. Tratou-se de uma medida bem acolhida, interna e externamente, e o país vive presentemente uma situação de plena acalmia e pleno funcionamento das suas instituições democraticamente eleitas", disse Carlos Vila Nova na cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelo corpo diplomático.
Carlos Vila Nova, que demitiu o Governo do ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, em 06 de janeiro, sublinhou que, "no contexto de tantos desafios externos, não era concebível" que, internamente, não fosse criado "um clima de harmonia" e "lealdade no relacionamento entre as instituições democráticas".
"O quadro atual é gerador de maior confiança e oferece as garantias de um relacionamento mais germinador com os nossos parceiros bilaterais e multilaterais", declarou.
Carlos Vila Nova admitiu que "2024 foi um ano de desafios marcantes para São Tomé e Príncipe", lembrando o "longo período sem o acordo com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional".
"Nessa medida, os problemas sociais continuaram a acentuar-se (...) agravado por uma economia tímida, um setor privado frágil e um contexto internacional de persistente incerteza", sublinhou.
"Por outro lado, o país conheceu o importante êxodo migratório, privando-o de parte significativa da sua principal força de trabalho, com considerável impacto ao nível social e económico", acrescentou.
O Presidente são-tomense lembrou que, no final de 2024, o arquipélago "deixou de pertencer à categoria de países menos desenvolvidos, passando a ser considerado país de rendimento médio", o que "representa o reconhecimento dos esforços empreendidos para a melhoria da condição da vida dos são-tomenses", mas também "uma responsabilidade acrescida", face à redução dos apoios por parte das instituições internacionais.
No domínio internacional, Carlos Vila Nova considerou que o tempo atual "é um estágio civilizacional que não compagina com o quadro de conflitos altamente destrutivos, geradores de catástrofes sociais e ambientais", e lamentou, sobretudo, que "persistem conflitos crónicos em África que teimam em ceifar vidas, desviar recursos e atrasar o desenvolvimento".
Salientou que o país "continuará a privilegiar o multilateralismo e a eleger as Nações Unidas como o palco privilegiado de concentração e resolução de conflitos".
A embaixadora de Cabo Verde, Deontina Carvalho, enquanto decana dos embaixadores acreditados em São Tomé e Príncipe, considerou ser "inspirador observar como São Tomé e Príncipe tem consolidado a sua estabilidade política" e "reforçado a governança democrática".
Ao nível internacional, referiu que 2024 foi marcado "por enormes desafios a nível mundial", resultado de um contexto "tumultuado", com surgimento e agravemnto de conflitos, e as perspetivas para 2025 "são igualmente preocupantes, uma vez que o sentimento de incerteza em relação ao futuro alimenta receios sobre a segurança global".
"Neste cenário, é urgente refletir sobre a necessidade de uma paz mundial justa, duradoura e respeitadora do direito internacional, com ênfase na construção da tolerância do diálogo contínuo. Precisamos, igualmente, de envidar esforço para fortalecer a democracia, promover uma maior igualdade social, combater a pobreza, melhorando a educação e o sistema de saúde, entre outros", defendeu.
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