A "luta" desta mulher de 72 anos "impõe-se a todos e deve ser continuada", disse Bayrou na rede social X, referindo ter "imenso respeito por Gisèle Pelicot, que demonstrou ao longo de todo este processo uma coragem e uma exemplaridade inabaláveis".
A principal vítima do julgamento que terminou hoje no Tribunal de Avignon (sul), tornou-se um ícone da luta contra a violência sexual, por ter sido violada e drogada com ansiolíticos durante uma década pelo seu marido, Dominique Pelicot.
Dominique, de 72 anos, condenado hoje a 20 anos de prisão, pena máxima em França, também recrutou na Internet dezenas de desconhecidos, com idades compreendidas entre os 27 e os 74 anos, para violar a mulher com a qual foi casado durante cerca de 50 anos.
As provas dos crimes foram encontradas pela polícia no computador de Dominique, em 2020, em mais de 20.000 vídeos e fotografias, que levaram os investigadores a contar 72 violadores, apenas conseguindo identificar 50, todos condenados hoje a penas entre 03 a 18 anos de prisão.
Dominique foi detido por filmar por baixo das saias de mulheres num supermercado.
À saída do tribunal, Gisèle recordou as "vítimas não reconhecidas" da violência sexual, "cujas histórias permanecem muitas vezes na sombra" e "todas as outras famílias afetadas por esta tragédia".
"Quero que saibam que partilhamos a mesma luta", afirmou Gisèle Pelicot, referindo que agora tem "confiança" num "futuro em que todos, mulheres e homens, podem viver em harmonia, com respeito e compreensão mútuos".
A classe política saudou unanimemente Gisèle Pelicot, que decidiu tornar o julgamento público desde o início a 02 de setembro e assistir às sessões com o rosto descoberto "para que a vergonha mude de lado".
A Presidente da Assembleia Nacional francesa, Yaël Braun Pivet, agradeceu a Gisèle pela "sua coragem", referindo que através dela "as vozes de tantas vítimas estão hoje a ser ouvidas, a vergonha está a mudar de lado, o tabu está a ser quebrado".
"Gisèle Pelicot ficará na história como a encarnação do fim da vergonha para as vítimas e do fim da impunidade para os violadores", afirmou Mathilde Panot, presidente do grupo França Insubmissa (LFI, esquerda radical).
O antigo primeiro-ministro Gabriel Attal referiu que "todo o país ficou ao lado de Gisèle Pelicot".
"Obrigada Gisèle pela sua coragem. Este julgamento histórico quebrou tabus na sociedade e marcou um ponto de viragem na luta contra a cultura da violação", disse a líder do partido Ecologistas, Marine Tondelier, na rede social X.
Também personalidades internacionais se expressaram sobre o julgamento, como o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que saudaram a "dignidade" e a "coragem" de Gisèle.
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