Júlio Nhamússua, porta-voz da polícia moçambicana (PRM) na província de Gaza, disse que, "logo nas primeiras horas da quinta-feira, a população do povoado de Nhafunguine, no distrito de Chonguene, aglomerou-se defronte da EDM [Eletricidade De Moçambique] para exigir a ligação da corrente elétrica no seu povoado", tendo-se depois "deslocado à EN1 [Estrada Nacional 1] e bloqueado a mesma".
Segundo a fonte, no mesmo distrito, no Bairro 5, um grupo de jovens colocou barricadas na Estrada Nacional 102, interditando a passagem de viaturas e peões nos dois sentidos.
"A comunidade protestava contra o valor das matrículas nas escolas públicas, a falta de acesso a água potável e a falta de corrente elétrica nos bairros 6 e 7", disse.
O representante disse ainda que o terceiro foco de agitação, no mesmo distrito, deu-se no povoado de Bango, onde a população bloqueou a EN102 na zona de Bungane, impedindo a circulação de viaturas, como forma de protesto contra a falta de eletricidade na região.
"A Polícia deslocou-se ao local, fez a gestão das emoções dos manifestantes, que culminou com a remoção das barricadas e restabeleceu-se o fluxo normal na via", afirmou.
Júlio Nhamússua acrescentou que populações residentes em alguns povoados e localidades dos distritos de Mandlakazi e Chókwè também bloquearam, com recurso a troncos, algumas vias, em reivindicações relativas, principalmente, ao elevado custo de produtos básicos.
"A Polícia fez-se aos locais e por meio de diálogo foi possível desbloquear as vias e restabelecer a ordem pública e o fluxo normal do trânsito", concluiu.
Em conferência de imprensa hoje em Maputo, o porta-voz do Governo moçambicano, Inocêncio Impissa, disse que o bloqueio da estrada, em Chonguene, inviabiliza as obras de construção do porto naquele distrito, acrescentando que existem trabalhos para compreender as motivações dos protestos, envolvendo a concessionária do projeto e as comunidades.
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais de 09 de outubro.
Atualmente, os protestos, agora em pequena escala, têm estado a ocorrer em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
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