Paula Cardoso é fundadora da rede “Afrolink”, uma plataforma de referência que visa a visibilização e promoção de profissionais negros em Portugal e o combate ao racismo, e reflete neste podcast sobre a velha fratura social que voltou a ser notícia nos media e o que está na raiz destes tumultos nos bairros do desamor policial.

“Com a morte de Odair Muniz pela primeira vez tivemos nas televisões uma série de pessoas negras a comentar nos noticiários.”, chega a afirmar Paula neste podcast.

Nuno Fox

O que importa discutir a fundo sobre este problema, além dos achismos de quem não mete o pé nestes lugares e não conhece estas pessoas? E que preconceitos estão entranhados na pele da maioria dos discursos sobre o tema?

Que retrato faz a cronista, comentadora e apresentadora Paula Cardoso sobre esta fatia da cidade estigmatizada, invisível - ou apenas visível pelas piores razões - em que as pessoas parecem ser todas tratadas como vândalas e criminosas, e que se toma o todo pela parte, só por onde moram, pela cor da pele ou condição socioeconómica?

E, acima de tudo, como abordar este tema delicado com seriedade, de forma construtiva, sem polarização, sem populismo, e sem outras palavras feias que acabam em ismo?

Nuno Fox

Que medidas sugere Paula que avancem no imediato e a médio prazo?

Todas estas perguntas são-lhe colocadas nesta primeira parte do podcast.

Olhando pelo retrovisor, Paula Cardoso recorda como se confrontou com o jornalismo dos brancos costumes ao longo dos 18 anos em que trabalhou em redacções de jornais e com uma das palavras mais difíceis da sua história: “Racismo”. E relata como se desencantou com a profissão. “Subjacente estava que o pensamento e a intelectualidade estava vedada aos negros e a pessoas como eu.”

É quando em 2019, Paula Cardoso criou uma plataforma de visibilização e promoção de profissionais negros em Portugal e de combate ao racismo, a Afrolink.

Pelo caminho, escreveu e editou o livro infanto-juvenil “Força Africana”, tornou-se apresentadora de televisão no magazine cultural “Rumos” na RTP África e integrou o talk-show online “O Lado Negro da Força”.

Nuno Fox

Atualmente, além de ser presença habitual na televisão, tem um programa de entrevistas com a amiga Georgina Angélica no programa “O Tal Podcast” e diz o que pensa sobre o que se passa no país e no mundo no videocast “Os Comentadores”, do Abril Abril.

Além disso, tem feito da escrita arma e resistência e assina um espaço de opinião na revista Brasil Já, e no Gerador, e até há pouco tempo escrevia na coluna “Entre Meadas” no Diário de Notícias, e no “Mutuacção” no Setenta e Quatro.

O tempo não pára para Paula que volta e meia também prepara assembleias de cidadãos, em representação do Fórum dos Cidadãos, com ideias para revigorar a democracia portuguesa, e desdobra-se em palestras e painéis de discussão, tanto como oradora como mediadora.

No final desta primeira parte, Paula é surpreendida com um áudio surpresa do ativista antirracista José Rui Rosário, do coletivo “O Lado Negro da Força”.

Nuno Fox

Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de Nuno Fox. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.

A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!