O cardeal patriarca de Lisboa considerou a trégua russa na Ucrânia “um sinal de esperança” para o futuro, tal como a aparição do Papa Francisco na Basílica de São Pedro, figura “decisiva para o mundo”.

À margem da missa de celebração da Páscoa a que presidiu esta manhã na Sé de Lisboa, o cardeal patriarca, Rui Valério, declarou-se “bastante otimista e sensível a esses pequenos sinais” que, no caso da trégua na Ucrânia, decretada pela Rússia para o período da Páscoa, espera poderem representar “umas horas de trégua, de silêncio, de serenidade” e um sinal para o futuro.

“Portanto, eu estou tentado a oferecer uma avaliação positiva que, para mim, é um sinal de esperança. Oxalá que esta trégua destas horas venha a ser a marca daqui para o futuro”, disse.

Sobre a aparição esta manhã no Basílica de São Pedro do Papa Francisco, ainda a recuperar de um pneumonia bilateral que o obrigou a um internamento hospitalar de semanas, Rui Valério viu também aqui “um sinal de esperança”.

“Sinal de esperança porque o Papa Francisco tornou-se decisivo, não é incontornável, é decisivo, não apenas para a Igreja da atualidade, mas para o próprio mundo. A sua presença vale tanto quanto a sua palavra. Vale mais do que a sua palavra. A sua presença é, ela própria, um sacramento da presença do próprio ressuscitado no mundo. Exatamente porque ele traz em si, não apenas um manancial de valores e de referências éticas, mas ele traz em si um ideal de humanidade que é permeável e é dirigido a todos os homens e mulheres de boa vontade”, disse o cardeal patriarca.

Mesmo durante a sua hospitalização de mais de um mês, entre fevereiro e março, num hospital em Roma, “a sua presença nunca foi questão” e “nunca esteve em dúvida”, defendeu Rui Valério, que considera que a projeção que o líder da igreja católica tem no mundo é “muito importante”, até para orientação do “caminho do mundo”.

“Seja com a sua personalidade, mas também pela autoridade moral e humanista que o caracteriza, o seu simples estar, o seu simples olhar, o seu simples dizer, é suficiente para fazer compreender aos governantes das nações qual é o sentido correto, o sentido humano, o sentido de proximidade, o sentido da paz que é necessário trilhar. Eu valorizo muito essa presença”, disse Rui Valério.

A trégua na Ucrânia, a aparição do Papa Francisco nas celebrações da Páscoa e a coincidência de cristãos católicos e ortodoxos celebrarem este ano a Páscoa na mesma data devem ser valorizados como sinais, apontou o cardeal patriarca.

“O que significa que é mais um sinal de esperança para esta união e reconciliação entre Ocidente e Oriente”, disse.