Com 92 votos a favor, a Assembleia Nacional aprovou a proposta em "memória da justiça e da luta contra a impunidade, em homenagem a Steven Gerald M. L., de 11 anos; Josué Didier A. B., de 14 anos; Ismael Eduardo A. B., de 15 anos, e Nehemías Saúl A. P., de 15 anos, desaparecidos à força e cujos corpos calcinados com vestígios de tortura foram encontrados nas proximidades de Taura".

A moção foi apresentada pela presidente da Assembleia Nacional, Viviana Veloz, que salientou que o país "não precisa de mais silêncio cúmplice".

"O que aconteceu às vítimas inocentes dos ultrajes, excessos, abusos e atropelos num dos bairros populares e marginalizados do país constitui uma das violações dos direitos humanos. As vítimas faziam parte dos grupos de pessoas de atenção prioritária", afirmou.

O desaparecimento dos quatro rapazes ocorreu na noite de 08 de dezembro, após um treino de futebol no bairro de Las Malvinas, no sul de Guayaquil.

Vídeos que circularam nas redes sociais mostram como um grupo de soldados detém os menores perto de um centro comercial e os leva para uma carrinha.

De acordo com as primeiras versões, os homens, de uniforme, transferiram as crianças para a zona de Taura, cerca de 30 quilómetros de Guayaquil, onde se situa uma das principais bases da Força Aérea Equatoriana (FAE) e, no caminho, libertaram-nas, segundo disseram.

A 24 de dezembro, um juiz decidiu que este desaparecimento deveria ser investigado como forçado e com "responsabilidade do Estado", depois de aceitar um pedido de habeas corpus apresentado pelas famílias das crianças.

Afirmou, além disso, que durante a audiência foram apresentados elementos que sugerem que os 16 soldados que atuaram "não cumpriram os protocolos estabelecidos para estes casos".

Na terça-feira, os 16 militares foram acusados de desaparecimento forçado, e um juiz decretou prisão preventiva enquanto decorrem as investigações.

O ministro do Governo, José de la Gasca, afirmou na quinta-feira que, neste caso, "não se pode falar de um crime de Estado".

"As investigações estão a decorrer (...) O que eu sei é que, neste momento, foram apresentadas acusações por crime de desaparecimento forçado, não por execução extrajudicial. Também não podemos falar de um crime de Estado ou de um crime contra a humanidade", afirmou.

O ministro notou ainda que o crime "não pode ficar impune".

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