
No agrupamento de escolas do bairro Padre Cruz, em Lisboa, os pais queixam-se dos constantes casos de violência entre alunos. As situações têm-se agravado pela falta de assistentes operacionais.
Os cartazes feitos pelos encarregados de educação foram colocados no portão da básica 2, 3 do bairro Padre Cruz, uma das escolas de um agrupamento onde se repetem casos de violência.
“Estamos a falar de violência de puxar o cabelo da minha filha pelo chão, tentativa de mandar a minha filha pelas escadas, pontapés, chapadas, socos. Isto para uma criança de sete anos é muito, muito grave", explica Márcia Silva, mãe de uma das alunas.
Nesta escola existem 17 assistentes para 279 alunos. No 1.º ciclo são nove para 239 alunos. A maioria em regime de jornada contínua com horário de saída entre as 15:00 e as 16:00.
Contactada pela SIC, a direção da escola não esteve disponível para prestar esclarecimentos. Depois do protesto dos pais, a autarquia de Lisboa, responsável pela contratação, informou que o agrupamento terá mais seis assistentes, ou melhor cinco, porque a partir de segunda feira reforma-se uma das funcionárias
Assistentes operacionais em greve para exigir reforço policial
Mas o que se passa no agrupamento do bairro Padre Cruz está longe de ser um caso único na região de Lisboa. Repete-se, por exemplo, na escola básica Mário de Sá Carneiro, em Camarate, onde os assistentes operacionais decidiram fazer greve para exigir um reforço policial.
“Nós estamos sempre em alerta. Não trabalhamos tranquilamente como é óbvio, andamos sempre a olhar por cima do ombro porque não é só a nós ou aos professores que temos de proteger, são acima de tudo as crianças. (...) Inclusive os pais aqui à porta ameaçam-se uns aos outros”, conta Andreia Mateus, assistente operacional.
Os relatos de episódios de violência na escola motivaram o descontentamento. Dizem que a gota de água foi no dia 12 de março, quando familiares de um aluno invadiram a escola.
“[O meu filho] fez uma videochamada a chorar em pânico porque entraram uma senhora e um senhor e entrou mais um irmão isto porque dois colegas aqui da escola andaram à porrada e entretanto um deles ligou para os pais que entraram na escola e agrediram uma auxiliar”, recorda Andreia Almeida, mãe de aluno.
O apelo a um reforço policial chega, também, dos pais e dos professores.
Ministro diz que situação está monitorizada
Esta sexta-feira, em declarações aos jornalistas, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, disse que as escolas públicas são maioritariamente seguras e que o Governo está a acompanhar com as autarquias e a PSP os casos mais complicados.
“Nós temos situações de violência escolar desde sempre no nosso sistema, depois, obviamente, é muito importante monitorizar as situações de criminalidade grave ou de violência mais severa e há sinais nos últimos anos de que ela aumentou de forma significativa, muitas vezes fora do espaço escolar, mas temos também situações identificadas dentro da escola. A escola é segura, é importante dizer isso, as escolas públicas portuguesas são seguras.”
“O que nós temos identificado é em algumas regiões, em algumas áreas geográficas, temos algumas escolas onde esses problemas surgem pontualmente e há uma estratégia da escola segura e dos municípios para garantir essas condições”, acrescentou.