Luís Marques Mendes elege como “facto político do ano” a crise política que terminou com as eleições a 10 de Março, como figuras naiconais Luís Montenegro e António Costa e enquanto figura internacional Donald Trump.

Para o comentador, a crise política em Portugal foi "inédita”, tanto nas causas – um “insólito comunicado da Procuradoria-Geral da República” - como nas consequências - porque “agradou” a todos: a Luís Montenegro, que chegou a primeiro-ministro; a Pedro Nuno Santos, que chegou a líder do PS; a António Costa, que chegou a presidente do Conselho Europeu; a André Ventura, que conseguiu elevar o grupo parlamentar do Chega para 50 deputados; e a Nuno Melo, que conseguiu o regresso do CDS ao Parlamento e até integrar o governo como ministro.

Uma crise política tem, em regra, mais vítimas que beneficiários. Com esta crise sucedeu exatamente o contrário ”, sustenta.

Marques Mendes elege ainda como a “novela do ano” o caminho até à aprovação do Orçamento do Estado para 2025. E, da mesma, o comentador tira uma lição.

“Com um Parlamento fortemente fragmentado, a vida política nacional carece, cada vez mais, de diálogo, de capacidade para fazer pontes e de pedagogia política. A contratualização política não é um exercício de fraqueza ou frouxidão.”

As figuras do ano em Portugal

Como figura do ano, Marques Mendes elege o primeiro-ministro Luís Montenegro. “Partiu de baixas expectativas e chegou a primeiro-ministro", aponta o comentador. “Fez o PSD regressar ao poder e é hoje o político mais influente em Portugal.

Para Marques Mendes, o grande teste político de Montenegro chegará em 2025, onde terá de lidar com três desafios: não perder o centro político (ser “o grande referencial da moderação”); ter uma agenda de mudança (considerando que a agenda inicial do Governo já se “esgotou”); e vencer as eleições autárquicas, que acontecem neste próximo ano (sobretudo, as câmaras de Lisboa e do Porto).

Apesar da escolha de Luís Montenegro como figura do ano, Marques Mendes não deixa de incluir também António Costa nesta categoria, por ter assumido as funções de presidente do Conselho Europeu.

É raro um português chegar a um alto cargo europeu", nota, sublinhando o "reforço da imagem em Portugal"

Também Costa terá, contudo, aos olhos de Marques Mendes, alguns desafios, desde logo a unidade e coesão da União Europeia e o reformismo da mesma.

A figura do ano no mundo

Quanto à figura internacional do ano é, para Marques Mendes, sem sombra de dúvidas, Donald Trump. O republicano que, quatro anos depois, consegue voltar à Casa Branca.

“R essuscitou politicamente do ataque ao Capitólio , o que para muitos parecia impensável.

Com a liderança de Trump, sublinha o comentador, “nada no mundo, na Europa e nos EUA vai ficar igual”. A guerra na Ucrânia, o futuro da NATO e o protecionismo norte-americano são alguns dos pontos que, considera Marques Mendes, vão marcar desafios durante esta nova presidência de Donald Trump.