A Polícia Judiciária (PJ) informa, esta quarta-feira, que desmantelou um grupo criminoso organizado que se dedicaria à prática reiterada de crimes de auxílio à imigração ilegal, associação de auxílio à imigração ilegal, corrupção, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.

“(…) foram detidas 13 pessoas, sete homens e seis mulheres, entre os quais sete empresários, uma advogada e uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, e realizadas 40 buscas domiciliárias e não domiciliárias em Coimbra, Espinho, Carregal do Sal, Amadora, Odivelas, Loures e Lisboa”.

A “complexa investigação”, iniciada em 2023 e que ainda está “em curso”, resultou da identificação de um grupo que se dedicava à “legalização irregular e massiva de cidadãos estrangeiros em Portugal”, em troca de “obtendo proventos financeiros na ordem dos milhões de euros”.

Os 13 detidos, “com idades compreendidas entre os 26 e os 64 anos e sem antecedentes criminais conhecidos”, serão presentes às autoridades judiciárias para aplicação das medidas de coação.

PJ explica modus operandi

Enquanto clientes, os imigrantes “que se mostravam disponíveis a pagar valores elevados para conseguir a legalização em território nacional, eram angariados pelo grupo através de complexos esquemas nos países de origem, com a promessa de fornecimento de um conjunto de serviços, tais como obtenção de contratos de trabalho, Número de Identificação Fiscal (NIF), Número de Identificação de Segurança Social (NISS), Número de Utente do SNS (Serviço Nacional de Saúde), tradução e certificação de registos criminais, abertura de contas bancárias, atestados de residência, entre outros”.

De acordo com a PJ, muitos dos imigrantes legalizados neste contexto, e “apesar de figurarem como estando a trabalhar e a residir em Portugal, encontram-se na verdade noutros países do espaço europeu”.

A operação “Gambérria” contou com a participação de cerca de 200 elementos da Judiciária, dois Juízes, uma Procuradora da Republica e representantes da Ordem dos Advogados, foi realizada com a colaboração operacional e técnica de outras Unidades da PJ, concretamente Unidade Nacional Contraterrorismo, Unidade Nacional de Combate à Corrupção, Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica, Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, Unidade de Prevenção e Apoio Tecnológico, Unidade de Armamento e Segurança, Laboratório de Polícia Científica, Unidade de Perícia Tecnológica e Informática e Unidade de Perícia Financeira e Contabilística.

Foram realizadas várias buscas das quais resultou:

  • "a apreensão de um enorme acervo de documentação utilizada em processos de legalização irregular de estrangeiros;
  • equipamentos informáticos;
  • 11 veículos automóveis, alguns dos quais de alta cilindrada;
  • aproximadamente um milhão de euros, em numerário;
  • duas presas de elefante em marfim com cerca de 50 kg;
  • diversos artigos adquiridos com os proventos do crime; e,
  • artigos utilizados na falsificações de documentos, entre os quais se destaca um selo branco encontrado e apreendido numa empresa onde seriam “validados” milhares de certificados de registo criminal de cidadãos estrangeiros.

Mais, revela a PJ, “foi ordenada a intervenção do Gabinete de Recuperação de Ativos – Centro, cujos inspetores, em simultâneo, procederam ao arresto de seis imóveis, dois prédios rústicos e quatro urbanos, destes uma vivenda e três apartamentos”.

Foram ainda “congeladas 35 contas bancárias, dois produtos financeiros da empresa de jogos BETANO e uma conta de cripto-ativos da BINANCE”.

[Notícia atualizada às 10:29]