A Rússia vai trabalhar com a nova administração norte-americana liderada por Donald Trump e que mantém os seus objetivos na Ucrânia, que invadiu em 2022, anunciou a diplomacia russa esta terça-feira.

"As nossas condições mantêm-se inalteradas e são bem conhecidas em Washington", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado citado pela agência oficial TASS.

O ministério disse que Moscovo trabalhará com a nova administração "defendendo firmemente os interesses nacionais russos e concentrando-se em atingir todos os objetivos da operação militar especial", referindo-se à Ucrânia.

Durante a campanha eleitoral, Trump, que tomará posse no dia 6 de janeiro, denunciou constantemente as enormes somas de dinheiro libertadas por Washington para Kiev e prometeu impor a paz “em 24 horas”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, considerou há duas semanas, na cimeira dos BRICS, que Trump tinha sido sincero quando disse que "queria fazer tudo para pôr fim ao conflito na Ucrânia".

"O desenvolvimento das relações russo-americanas após as eleições vai depender dos Estados Unidos. Se eles estiverem abertos, nós também estaremos", acrescentou Putin na altura, citado pela agência francesa AFP.

Moscovo tem acusado Washington e os seus aliados de alimentarem o conflito entre a Rússia e a Ucrânia ao fornecerem armas e dinheiro a Kiev desde que as tropas russas lançaram o ataque contra o país vizinho, em 24 de fevereiro de 2022.

O Presidente cessante, Joe Biden, foi o principal apoiante dos ucranianos, nomeadamente através de entregas maciças de armas, permitindo-lhes resistir a um exército russo muito mais poderoso.

No comunicado divulgado hoje, a diplomacia russa disse que Moscovo não tem ilusões quanto a Trump, "que é bem conhecido na Rússia", nem quanto à nova composição do Congresso, em que "os republicanos, de acordo com dados preliminares, estão a ganhar vantagem".

"A elite política dominante nos EUA, independentemente da filiação partidária, adere a atitudes antirrussas e a uma linha de 'contenção de Moscovo'", disse o ministério liderado por Serguei Lavrov.

Para Moscovo, esta linha "não está sujeita a flutuações no barómetro político" norte-americano, "quer se trate da 'América em primeiro lugar'", de Trump, ou de "uma 'ordem mundial baseada em regras', na qual os Democratas estão 'fixados'".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo considerou também que a vitória de Trump "não anula a profunda divisão" da sociedade norte-americana.

"É de esperar que o regresso de Donald Trump provoque o aumento da tensão interna e a amargura dos campos opostos", acrescentou.