“O povo pelo povo” é uma frase ouvida pelas ruas de Sedaví, uma pequena localidade a cerca de 30 quilómetros de Valência, onde os moradores apenas contam uns com os outros para limpar os estragos causados pela tempestade. A falta de apoio do governo é uma das principais queixas.

Vários espanhóis vieram do estrangeiro para auxiliar nas limpezas em Sedaví. Natasha Velasco estava na Suíça e viajou milhares de quilómetros porque “não conseguia mais pensar em não ajudar”.

“Tenho aqui amigos que perderam a casa, perderam todos os móveis, tudo o que tinham dentro. Não apareceu nenhuma autoridade, nenhum serviço público, foram só os vizinhos”.

As pessoas que moram no rés-do-chão das casas ou dos prédios “estão a ficar em casas de vizinhos”, diz Natasha Velasco, pois “não foi disponibilizado nenhum hotel, nenhum albergue”. Os moradores estão a contar com ajuda uns dos outros para ter onde dormir, comer, cozinhar, "tudo”.

Tal como em Sedaví, também em Picanya, uma localidade em Valência, o entulho faz agora parte da paisagem.

Joaquim, um habitante de Picanya, apenas ficou com as paredes da casa e com um quadro da família depois das cheias lhe terem levado “tudo”. Sem esperança que o apoio do governo chegue, o morador apenas conta com os vizinhos.

“Eu acredito que o governo não nos vai dar nenhuma ajuda. Não temos nenhuma esperança porque ninguém veio ajudar. Não acreditamos em nada do que nos diz o governo. Os vizinhos é que nos estão a ajudar. Aqui não veio ninguém.”, afirma Joaquim.

O neto e a mulher de Joaquim foram salvos pela vizinha Raquel, que conseguiu puxá-los com uma corda para a varanda de sua casa. Em 10 minutos Raquel viu a força da água entrar em sua casa: “foi muito rápido”.

Várias casas ficaram destruídas e, inclusive, uma ponte que fazia a travessia de um lado ao outro da cidade ruiu. Os moradores têm agora de fazer três quilómetros para chegar ao outro lado de Picanya.