As novas autoridades sírias anunciaram hoje terem chegado a um acordo com "todos os grupos armados" para os dissolver, especificando que serão integrados no Ministério da Defesa.
"Uma reunião entre os chefes dos grupos" armados e o novo dirigente sírio Ahmad al-Chareh "resultou num acordo sobre a dissolução de todos os grupos e a sua integração no Ministério da Defesa", anunciaram a agência oficial Sana e as novas autoridades nas suas contas Telegram.
Numa conferência de imprensa, Ahmad al-Chareh afirmou que não permitirá, "de forma alguma, que as armas escapem ao controlo do Estado" e acrescentou que a decisão se aplica igualmente às "fações presentes na zona das Forças Democráticas Sírias" (FDS, dominadas pelos curdos).
Fotografias publicadas pela agência oficial Sana e pela conta de Telegram das autoridades mostram al-Chareh rodeado pelos líderes de várias fações armadas, mas nenhum representante das forças lideradas pelos curdos no nordeste do país.
Coligação de rebeldes tomou o poder a 8 de dezembro
Uma coligação armada liderada pelo grupo radical islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), chefiado por al-Chareh, cujo nome de guerra é Abu Mohammad al-Jolani, tomou o poder em Damasco a 08 de dezembro, destituindo o Presidente Bashar al-Assad.
Na semana passada, o chefe militar do HTS, Murhaf Abu Qasra, conhecido pelo seu nome de guerra Abu Hassan al-Hamwi, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que "o próximo passo" seria dissolver as fações armadas, a começar pela sua, e fundi-las na futura instituição militar.
Este responsável militar afirmou que o novo governo pretende alargar a sua autoridade às zonas do nordeste da Síria controladas por uma administração curda semi-autónoma.
Os 13 anos de guerra na Síria custaram mais de meio milhão de vidas e dividiram o vasto país em zonas de influência controladas por diferentes beligerantes apoiados por potências regionais e internacionais.
As novas autoridades sírias, lideradas por Mohamed al-Bashir como primeiro-ministro interino, manifestaram o desejo de estabelecer boas relações com a comunidade internacional e afirmaram que irão proteger os direitos de todas as pessoas, incluindo as minorias, apesar dos receios de uma tendência fundamentalista.
A ofensiva na Síria, lançada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS) em 27 de novembro a partir da província de Idlib, permitiu aos jihadistas e aos rebeldes tomar a capital, Damasco, e pôr fim ao regime da família al-Assad, no poder desde 1971 - primeiro com Hafez al-Assad (1971-2000) e depois com o seu filho, Bashar - face a uma retirada constante das tropas governamentais, apoiadas pela Rússia e pelo Irão.