Sónia Sanfona, presidente da Câmara de Alpiarça, defende que se acabem com os apoios escolares para os alunos cujos familiares “exibam sinais exteriores de riqueza”, nomeadamente carros de alta cilindrada e telemóveis topo de cama.

A posição da socialista está a gerar desconforto dentro do partido. Ao jornal Público, fontes do PS comparam o discurso desta autarca com o do Chega e demarcam-se das declarações, por não caracterizarem os valores defendidos no partido.

Para defender a sua proposta, a autarca deu o exemplo de uma família que tenha um carro “que custa 30 ou 40 mil euros (...), um iPad, um iPhone que custa mil e tal euros (...) e depois tem o filho a pedir o escalão A”.

Francisco Assis pede linha orientadora

Ao Público, vários socialistas manifestam preocupação que este tipo de discurso, que colam ao Chega, seja replicado durante a campanha para as eleições autárquicas. Face a tal, Francisco Assis - eurodeputado do PS - pede que seja definida uma linha orientadora.

Também ao Público, Ana Gomes recorda as semelhanças deste caso com as de Ricardo Leão. O autarca de Loures, por ocasião dos tumultos na Grande Lisboa, defendeu despejos de inquilinos municipais quando estes cometem crimes, e um corte nas refeições escolares de alunos de famílias com condições para as pagarem.

Ana Gomes considera que Sónia Sanfona está a tentar “ir a reboque da agenda do Chega”, naquilo que considera ser uma “ideia preconceituosa em relação a algumas famílias de alguns grupos étnicos”.

O deputado Eurico Brilhante Dias demarca-se das declarações da autarca. Ao Público, disse que este tipo de intervenção “não caracteriza os socialistas”.