"Agiremos com determinação para trazer Shiri para casa, bem como todos os nossos reféns - os vivos e os mortos - e asseguraremos que o Hamas pague o preço por esta cruel e perversa violação do acordo", disse Netanyahu numa declaração em vídeo.

Os militantes do Hamas entregaram quatro corpos na quinta-feira ao abrigo do cessar-fogo com Israel, que interrompeu mais de 15 meses de guerra.

Israel confirmou que um dos corpos era o de Oded Lifshitz, que tinha 83 anos quando foi raptado durante o ataque do Hamas a Israel, em 07 de outubro de 2023.

Os restos mortais dos dois filhos pequenos de Shiri Bibas, Ariel e Kfir Bibas, também foram identificados, declararam as Forças de Defesa de Israel, acrescentando que o quarto corpo não era o da mãe ou de outra refém israelita.

"A memória sagrada de Oded Lifshitz e de Ariel e Kfir Bibas ficará para sempre consagrada no coração da nação. Que Deus vingue o seu sangue. E nós vingaremos", acrescentou.

O ato de entrega dos restos mortais, na quinta-feira, foi criticado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que considerou "abjeto e cruel" o regresso encenado.

"Segundo o direito internacional, qualquer devolução de restos mortais deve respeitar a proibição de tratamento cruel, desumano ou degradante", além de que deve "garantir o respeito pela dignidade do falecido e das suas famílias", acrescentou a agência da ONU.

Numa exibição encenada em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, combatentes encapuçados e armados do Hamas exibiram quatro caixões num palco, cada um com uma fotografia de um dos reféns, em frente de um cartaz que mostrava uma imagem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, com o rosto coberto de sangue.

Entretanto, após a entrega, as autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, acusaram o CICV de "duplo padrão" no tratamento das pessoas mortas no conflito, consoante se tratem de israelitas ou de palestinianos.

Ao entregar os restos mortais, a Cruz Vermelha colocou um lençol sobre eles, transportando-os para veículos para os entregar às autoridades israelitas. É a esta ação do CICV que o Governo de Gaza se refere para acusar a Cruz Vermelha de "dois pesos e duas medidas".

"Enquanto a Cruz Vermelha realiza cerimónias oficiais solenes ao receber os corpos dos prisioneiros israelitas, entrega os corpos dos mártires palestinianos em sacos azuis que são atirados para camiões sem os elementos mais básicos da dignidade humana", afirmou o chefe do gabinete de imprensa do Governo de Gaza, Ismail al-Thawabta, nas redes sociais.

Para as autoridades da Faixa de Gaza, "esta discriminação flagrante no tratamento reflete dois pesos e duas medidas" e também "expõe a incapacidade internacional para alcançar justiça e equidade".

Após mais de 15 meses de guerra, que fizeram pelo menos 48.208 mortos e mais de 111 mil feridos, as partes em conflito alcançaram em meados de janeiro um acordo de cessar-fogo, que entrou em vigor a 19 de janeiro e previa a troca de 33 reféns israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas por centenas de palestinianos encarcerados em prisões de Israel.

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