"Nessa exposição, Rui Horta Pereira explora uma estratégia e pensamento, criando um estreito e forte diálogo com o Museu do Côa, com a arte rupestre enquanto ato de inscrição como Património Mundial da Humanidade, e também na relação com a paisagem como instrumento de revelação" explicou à Lusa a curadora da exposição, Ana Matos.
De acordo com a curadora, trata-se de uma exposição de arte contemporânea, sendo a primeira vez que o artista expõe no Museu do Côa, com obras ligadas à natureza e aos recursos naturais.
"O Rui Horta Pereira é formado em escultura e nos últimos anos, sobretudo desde 2012, tem vindo a desenvolver uma estratégia artística, em que há um compromisso ético e político com as questões da sustentabilidade e desperdício. No fundo o que é feito é colocar em diálogo o trabalho com a paisagem do Vale do Côa, mas também com tudo o que está ligado à arte rupestre", indicou Ana Matos.
A exposição contém obras de produção recente, muitas delas inéditas, e apresentadas ao público pela primeira vez.
De acordo com a curadora da exposição, nas obras a expor são utilizadas várias técnicas que vão desde a fotografia, escultura, gravura e desenhos produzidos por incidência do sol no papel.
Contudo, o destaque da exposição é dado a um tapete de grandes dimensões que está pendurado numa das salas de exposição e que resulta de recolhas de materiais, como o plástico, que o artista foi encontrando na praia.
"Esta peça resume a questão do desperdício e da sustentabilidade, mostrando através desta peça todo o lixo que o artista foi encontrando", vincou.
A mostra está patente nas salas de exposições temporárias do Museu do Côa até 25 de maio.
Segundo a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho, a instituição assume as exposições temporárias como uma ferramenta para manter viva a conexão entre o património do Vale do Côa e a arte contemporânea, complementando a exposição permanente do MC.
De acordo com Aida Carvalho, "quase a terminar o ano de 2024, o Museu do Côa tem registado um aumento significativo do número de visitantes, com cerca de 7%, em relação ao ano de 2023.
"Estamos em crer que este crescimento se deve a um conjunto alargado de fatores, tais como a programação cultural, as novas descobertas científicas e a sua divulgação com o contributo da ciência, da cultura e do turismo estamos efetivamente a transformar o território com impacto em várias áreas de atividade como o alojamento e a restauração", destacou a presidente da instituição.
A exposição "Um Raio Contornando a Poeira" sucede à mostra "Faca na Pedra Olho Solar" e "Formas Feitas de Nevoeiro Vivo", dois projetos de dois coletivos de artistas.
No museu, este ano, esteve também patente até julho a exposição "Paula Rego - Rutura e Continuidade". Esta mostra, dominada pela gravura de Paula Rego (1935-2022), mobilizou o número recorde de 60 mil visitantes, durante oito meses, como disse à agência Lusa Aida Carvalho.
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