
"É com o Luís Montenegro que eu quero debater habitação e o Nuno Melo poderá apresentar-se a debates, o CDS pode apresentar-se a debates, mas isso não tira a responsabilidade de Luís Montenegro. Eu não debaterei com Nuno Melo em substituição de Luís Montenegro", afirmou Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas na Futurália, em Lisboa.
Depois de, na quarta-feira, ter garantido que "não fugia a nenhum debate" e ter desafiado o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para debater até ao final da campanha, Mariana Mortágua esclareceu que nos debates televisivos não aceitará outro representante da coligação PSD/CDS que não o líder social-democrata.
O Bloco de Esquerda junta-se ao Livre no grupo de partidos que já se recusaram a debater com Nuno Melo como representante da coligação entre sociais-democratas e centristas.
O PAN, o terceiro partido com quem a coligação do Governo quer debater fazendo-se representar por Nuno Melo, disse hoje, também na Futurália, que não tem ainda uma decisão definitiva quanto à participação na discussão com sociais-democratas e centristas, mas em cima da mesa está a possibilidade de "solicitar a representação de outro membro da lista".
"Não nos faz qualquer sentido que Montenegro se esconda atrás de Nuno Melo. É estar a esconder-se dos portugueses", atirou a porta-voz do partido, Inês de Sousa Real.
Mariana Mortágua, questionada sobre a posição do PS e do PCP em relação a este modelo de discussão proposto pela coligação PSD/CDS-PP, pediu coerência aos partidos.
"Acho que os partidos têm de ser coerentes. Se manifestam a sua solidariedade, se entendem que um debate é com todos e que Luís Montenegro tem de debater com todos, então têm de ser coerentes com esta decisão. E não só pelo presente, é pelo futuro", acrescentou.
A líder do PAN disse esperar que "todos os partidos do espetro democrático pudessem ter uma atitude de solidariedade e uma atitude diferente" em relação ao modelo proposto pela coligação PSD/CDS-PP.
Mariana Mortágua afirmou também que vai debater com os centristas "se o CDS-PP quiser entrar nos debates", mas reiterou que "a questão aqui não é essa", mas sim que Luís Montenegro é o representante da coligação e, por isso, deve debater com os restantes líderes.
"Não escolhe com quem é que debate e não escolhe quem é que envia para o debate, porque isso distorce a democracia, distorce as regras. Se nós damos este poder, é porque este poder é só de alguns e não é de todos, amanhã não temos debates", disse a bloquista.
Sousa Real argumentou que "se o CDS-PP quer estar presente nos debates, que concorra sozinho a eleições, em igualdade de circunstâncias com as demais forças políticas".
O presidente do PSD e primeiro-ministro afirmou hoje estar estupefacto com as críticas da oposição à decisão da coligação dividir a participação nos debates televisivos entre Luís Montenegro e Nuno Melo e disse que "parece que quem está com medo de debater é quem apresenta problemas à participação do presidente do CDS nos debates".
Questionado sobre esta posição do primeiro-ministro, Rui Tavares, porta-voz do Livre, afirmou aos jornalistas, também na Futurália, que o primeiro-ministro precisa de ter "uma enorme lata" para fazer essas declarações e acrescentou que, se o primeiro-ministro "quer as coisas bem feitas, bem esclarecidas, iguais para toda a gente" deve comparecer no debate.
"Eu estarei lá, eu apresentar-me-ei no dia do debate entre o Livre e a AD para debater com Luís Montenegro. E acho que seria preciso topete de Luís Montenegro [para] não aparecer", assegurou.
TYRS/VZG (SMA) // JPS
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