O último balanço da polícia dá conta de mais dois autocarros e sete veículos incendiados, nos desacatos desta quarta-feira à noite, na Área Metropolitana de Lisboa, segundo avançou fonte da PSP à Lusa.
Os dois autocarros queimados foram registados em Santo António dos Cavaleiros, em Loures, e na Arrentela, no Seixal.
Além dos veículos queimados, foram ainda registados vários focos de incêndio em caixotes do lixo nos concelhos da Amadora, Sintra, Oeiras, Odivelas, Barreiro, Lisboa e Almada, na sequência dos desacatos após a morte de um homem baleado pela PSP, na Cova da Moura.
A polícia adiantou ainda que duas pessoas foram detidas na Pontinha, em Odivelas, mas não esclareceu o motivo das detenções.
De acordo com o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, pelas 02:30 registavam-se mais de uma dezena de ocorrências relativas a "detritos" nos distritos de Lisboa e Setúbal, nomeadamente em Queluz (concelho de Sintra), Alfragide (Amadora), Camarate (Loures), Carcavelos (Cascais), Carnide (Lisboa), Mina de Água (Amadora), Corroios (Seixal), Caparica (Almada) e Moita.
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PSP promete "tolerância zero" a desacatos na área metropolitana de Lisboa
A PSP assegurou na quarta-feira que vai ter "tolerância zero" a qualquer ato de desordem e destruição como os que se verificaram nas últimas noites na Área Metropolitana de Lisboa.
"É importante salientar que repudiamos claramente e que temos e teremos tolerância zero a qualquer ato de desordem e destruição praticados por grupos criminosos que, apostados em afrontar a autoridade do Estado e perturbar a segurança das comunidades, executam ou têm vindo a executar as ações que os jornalistas têm presenciado", disse o diretor nacional em suplência da PSP, Pedro Gouveia.
Em conferência de imprensa, o superintendente explicou também que a PSP tem "um grupo de trabalho com todas as forças e serviços de segurança" e que estão a "trabalhar em uníssono" para repor a tranquilidade pública. Apelou ainda à calma e denunciou que as formas de protesto que estão a ser desencadeadas são ilegais.
Questionado sobre a forma e a estratégia que a PSP tem em marcha para conseguir repor a ordem e tranquilidade públicas nas zonas afetadas na última noite por desacatos, Pedro Gouveia sublinhou que há um desejo de paz destas comunidades.
"O que temos ouvido nestes últimos tempos do bairro é que querem viver em paz e querem que a PSP reponha a normalidade nestes bairros. É inadmissível que as pessoas de bem em certas zonas se sintam reféns dos criminosos. As pessoas pedem justiça, tal como a polícia pede justiça para as pessoas que estão a ser reféns de um pequeno grupo de criminosos."
A morte que desencadeou os distúrbios
Odair Moniz, 43 anos, cidadão cabo-verdiano, e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de automóvel depois de ver uma viatura policial e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar "todas as responsabilidades", considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias.
A Inspeção-Geral da Administração Interna abriu um inquérito urgente e também a PSP anunciou um inquérito interno, enquanto o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde a noite de segunda-feira foram registados desacatos no Zambujal e, já na terça-feira, noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa, onde foram queimados autocarros, automóveis e caixotes do lixo, e detidas três pessoas.
Dois polícias receberam tratamento hospitalar devido ao arremesso de pedras e dois passageiros dos autocarros incendiados sofreram esfaqueamentos sem gravidade.
Com Lusa