Mais de 30 mil refugiados sírios atravessaram a fronteira turca para regressar ao seu país nos últimos 17 dias, informou esta sexta-feira o ministro do Interior turco, Ali Yerlikaya.

Um número anterior comunicado pelas autoridades turcas dava conta de mais de 25.000 pessoas que regressaram à Síria a partir da Turquia nas duas semanas desde a queda do regime do Presidente Bashar al-Assad, em 08 de dezembro.

"O nosso consulado-geral vai abrir em Alepo dentro de alguns dias. (...) Estamos a abrir ali um gabinete de gestão de migrações. Aqui nasceram crianças, houve casamentos, divórcios, mortes. Estamos a tomar medidas para satisfazer as suas necessidades", prometeu o ministro.

A Turquia, que partilha uma fronteira de mais de 900 quilómetros com a Síria, ainda acolhe no seu território cerca de 2,92 milhões de sírios que fugiram da guerra que devastou o seu país a partir de 2011.

As autoridades turcas - que não escondem aspirar ao regresso de grandes contingentes de refugiados à Síria, a fim de aliviar o forte sentimento anti-Síria entre a população - vão ainda permitir que um membro de cada família de refugiados viaje para a Síria e regresse três vezes até 1 de julho de 2025, a fim de preparar o seu realojamento.

Mais de 14 milhões fugiram desde 2011

Desde 2011, quando começou a guerra civil na sequência de protestos anti-Assad, mais de 14 milhões de sírios foram obrigados a fugir das suas casas em busca de segurança devido a um conflito que tornou o país numa das maiores crises humanitárias do mundo.

A maior parte dos refugiados partiu para os cinco países vizinhos da Síria - Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito -, mas muitos foram um pouco mais longe, para a Europa, criando a maior vaga de refugiados desde a II Guerra Mundial. Só a Alemanha recebeu cerca de um milhão.

Entre 2015 e 2023, a União Europeia (UE) deu proteção internacional a quase 1,3 milhões de sírios e cortou laços diplomáticos com o regime de Bashar al-Assad, acusando-o de utilizar armas químicas contra o seu próprio povo.

Numa ofensiva relâmpago iniciada a 27 de novembro, uma coligação de grupos rebeldes liderada pela Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham - HTS, em árabe), herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por vários países ocidentais, tomou as posições das tropas governamentais sírias em poucos dias e apoderou-se de Alepo, que era, em grande parte controlada pelo regime.

Bashar al-Assad, que esteve no poder 24 anos, foi derrubado no dia 8 de dezembro e fugiu com a família para a Rússia.