"Estamos com constantes reprogramações de voos e essas reprogramações constam de um processo de cancelamento, estamos a ter cancelamentos, reprogramações por falta de capacidade de escoamento de passageiros", admitiu o porta-voz da companhia de bandeira, Alfredo Cossa, em conferência de imprensa.

Com a retirada dos aviões companhia privada sul-africana CemAir CRJ 900, com capacidade de 90 passageiros cada, a companhia estatal moçambicana passa agora a operar com três aviões, nomeadamente dois Embraer 145, com capacidade para 50 passageiros, e uma outra aeronave com capacidade para 37 passageiros, mas que não opera com regularidade, já que não é propriedade da LAM.

"Concentramo-nos agora na procura de parceiros para solucionar a crise que estamos a passar e estamos em negociações com parceiros", disse Alfredo Cossa.

As Linhas Aéreas afirmaram que rescisão de contrato com a companhia sul-africana proprietária dos aviões CRJ 900 foi feito "de forma unilateral, sem pré-aviso", com consequências na redução "drástica do escoamento de passageiros".

Em 13 de abril, a LAM cancelou voos domésticos, na rota entre Maputo, no sul, e Quelimane, no centro do país, devido à avaria de uma aeronave, cenário recorrente nas últimas semanas, sendo este o segundo incidente em menos de duas semanas.

Também avançou em 31 de janeiro com um procedimento para tentar contratar o fornecimento de aeronaves Embraer ERJ190 e Boeing 737-700, segundo edital noticiado anteriormente pela Lusa, mas ainda não são conhecidos resultados do concurso.

Este envolvia a submissão de manifestações de interesse para o fornecimento de aeronaves, destes dois modelos, por empresas ou consórcios nacionais ou estrangeiros até 07 de fevereiro.

Fonte da companhia aérea explicou à Lusa que este procedimento não tinha quantidades de aeronaves a contratar, decisão que depende das propostas apresentadas neste concurso.

Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.

Os recorrentes problemas na companhia de bandeira levaram à contratação da sul-africana Fly Modern Ark (FMA).

O referido contrato terminou em 12 de setembro de 2024 e vigorava desde abril de 2023, quando a FMA foi chamada para implementar uma estratégia de revitalização da empresa após anos de problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à ineficiente manutenção das aeronaves.

Quando a FMA assumiu a gestão da companhia aérea estatal reconheceu que a LAM tinha uma dívida estimada em cerca de 300 milhões de dólares (269 milhões de euros, no câmbio atual).

Na semana passada, o Ministério Público (MP) moçambicano anunciou a abertura de um processo para investigar os contornos da assinatura de acordo entre a FMA e as entidades moçambicanas para restruturar a estatal LAM.

O MP avançou também que o processo sobre alegados esquemas de corrupção na venda de bilhetes na LAM segue sem arguidos constituídos, estando igualmente em instrução, sendo objetivo identificar a titularidade ou pertença das máquinas dos terminais de pagamento automático usados para vender bilhetes, apurar os prejuízos e identificar os seus autores.

 Em fevereiro o Governo autorizou a venda de 91%, para empresas estatais, da participação do Estado na transportadora LAM, indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves.

Em média, a LAM tem atualmente um universo de 915 passageiros diários para destinos nacionais e regionais.

PME(PVJ)// MLL

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