"A justiça é cega, e quem põe os imigrantes no centro e destapa a estátua da justiça são os que lhe baixam a venda e diz 'vejam, são imigrantes que ali estão'. Ao fazerem isso fazem a associação, seja porque os querem ou estigmatizar ou, quem sabe, imunizar ou porque os querem perseguir", afirmou o ministro.
António Leitão Amaro falava num debate proposto pelo Governo sobre o Plano Nacional de Implementação do Pacto Europeu para as Migrações e Asilo, na Assembleia da República.
"Por alguma razão a estátua da justiça tem os olhos tapados, é porque a polícia e a justiça e os tribunais não decidem pela cor da pele, pelo credo religioso ou pela nacionalidade", defendeu, afirmando que "a raça, a cor da pele, a nacionalidade não são razão nem para perseguir nem para ser imune à perseguição".
Numa resposta ao BE, o ministro da Presidência, com a tutela das migrações, considerou que aqueles que chamam a atenção para o facto de alguém ser estrangeiro são os "põem a estátua da justiça, a polícia a olhar para a nacionalidade".
"Não é assim que fazemos. Nós tratamos os seres humanos como seres humanos, o crime como crime, a rua perigosa, como rua perigosa. Tudo o resto é indigno", salientou.
Na sua intervenção inicial, Leitão Amaro tinha repudiado o que considerou ser "a instrumentalização dos estrangeiros que cá estão, seja a instrumentalização daqueles extremos que os querem culpar por tudo", seja a dos "outros extremos que ignoram os deveres que também têm e que acham que não pode haver responsabilização por nada".
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