
Economia, impostos e saúde continuam a ser os temas que mais preocupam os portugueses, aponta um estudo feito pela consultora LLYC através da análise dos dados de conversação na rede social X (ex-Twitter) e meios de comunicação social online. A corrupção, com honras de top cinco no relatório feito por ocasião das Legislativas 2024, agora não entra na lista dos dez assuntos mais debatidos.
Em mais de 184 mil tweets e notícias publicados online, o tema "Economia e Impostos" ocupou 23,8% do total da conversação frente a 11,7% do tema Saúde. Os picos de conversa nos temas económicos foram causados pelos mais reduzidos reembolsos de IRC e as mexidas no IRC, enquanto na saúde o debate ganhou maior relevância em assuntos como o encerramento das urgências dos hospitais do SNS, a falta de profissionais de saúde, o regresso das Parcerias Público-Privadas nesta área ou a saúde obstétrica.
Este estudo, que analisou a comunicação online de quatro grupos sociais, nomeadamente líderes e partidos políticos, sociedade civil, jornalistas e principais “opinion makers”, agregou dados de mais de 184 mil tweets e notícias publicadas online por mais de 19 mil perfis diferentes. Os dados foram obtidos com recurso à ferramenta da Brandwatch, líder mundial em Digital Consumer Intelligence, que detém o maior arquivo de sempre de conversação: mais de 1,3 mil milhões de posts disponíveis.
A registar, ainda, a quebra no volume de conteúdo produzido, que tinha sido de 200 mil publicações. Por outro lado, verifica-se maior diversidade temática, com o número daquilo que o estudo designa como “territórios de conversa relevantes a aumentar de 15 para 18”, o que “sinaliza uma dispersão dos focos de atenção no debate público”, apontam.
Debates já não puxam carruagem da discussão na internet
Os dados da consultora apontam ainda para o facto de os debates entre candidatos às Legislativas já não terem o papel de catalizador da conversação online que tiveram em 2024. O tema dos Debates e Eventos Políticos foi o terceiro assunto mais relevante nos dois meses que antecederam as eleições, ocupando 10,8% de toda a conversação, indica a LLYC. Desta vez, a conversação esteve mais dispersa nos temas e manteve-se estável ao longo dos últimos dois meses, embora os principais picos de conversa tenham continuado a surgir durante os debates - em particular nos debates entre Pedro Nuno Santos e André Ventura, entre o líder do PS e Luís Montenegro e durante o debate televisivo com os oito partidos com assento parlamentar.
A fechar o top10 há alguma reconfiguração de prioridades no debate público, o que pode ser explicado pela maior instabilidade no cenário internacional: Defesa Nacional e Estados Unidos entram nos cinco assuntos mais debatidos, em quarto e quinto lugar; enquanto o assunto das migrações fecha a lista dos dez temas mais debatidos, bastante acima do que acontecia em 2024. Justiça, Ambiente e Habitação ficam na sétima, oitava e nona posições da lista, respetivamente.
Os temas de Justiça, Habitação, Migração, Defesa Nacional e Outras Eleições, a meses da realização de um ato eleitoral autárquico e das Presidenciais de 2026, estão entre aqueles que geraram maior volume de publicações face a 2024, o que é assinalável tendo em conta a redução do número de conteúdos publicados.
Direita debate mais a economia, esquerda foca-se nos debates e na saúde, extrema-direita prioriza migração
De acordo com a LLYC, todas as comunidades analisadas apresentam um maior foco no tema da Economia e Impostos, que assume particular destaque entre os perfis da comunidade de centro-direita/direita, onde regista o peso relativo mais elevado, seguido de longe pelos debates televisivos.
Na comunidade de esquerda, a economia divide atenções com os debates (em segundo lugar) e a saúde. Na extrema-direita, as migrações chegam perto da relevância dos temas económicos, aqui também seguidos pela saúde, pela corrupção e pela justiça.