Depois da conversa entre Trump e Putin, o Kremlin anunciou, esta quinta-feira, ter ficado “impressionado” com o posicionamento do Presidente dos Estados Unidos e da sua administração para resolver a guerra na Ucrânia.

"A anterior administração americana defendia a opinião de que era necessário fazer tudo para manter a guerra. A atual administração, tanto quanto sabemos, adere ao ponto de vista de que tudo deve ser feito para parar a guerra e para que a paz prevaleça. (...) Estamos mais impressionados com a posição da atual administração e estamos abertos ao diálogo", disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, à Reuters .

O porta-voz do Kremlin adiantou ainda que estão a ser feitos os preparativos para uma reunião bilateral entre Donald Trump e Vladimir Putin, e que existe uma vontade política de ambos os países de chegar a um acordo e acabar com a guerra em três anos. Trump disse que a reunião teria lugar na Arábia Saudita, mas não deu informações sobre uma possível data.

"Existe uma vontade política, que foi sublinhada durante a conversa de ontem, de conduzir um diálogo em busca de uma solução. (...) Há um consenso de que é possível uma solução pacífica e negociada", sublinhou Peskov.
"É certamente necessário que esta reunião se realize rapidamente, os chefes de Estado (da Rússia e dos EUA) têm muito a dizer um ao outro", disse Peskov, citado pela agência francesa AFP.

Quando questionado sobre a representação de países europeus nas conversações de paz, Peskov disse que era prematuro falar sobre isso, no entanto, referindo haver "muitos assuntos na agenda", Peskov precisou que Moscovo quer um "debate aprofundado" sobre a segurança na Europa como um todo, e sobre as "preocupações de segurança" da Rússia.

"Não há dúvida de que todas as questões relacionadas com a segurança no continente europeu, em particular os aspetos que dizem respeito ao nosso país, a Federação Russa, devem ser discutidas em conjunto, e presumimos que será esse o caso", disse Dmitry Peskov.

A chamada telefónica entre Trump e Putin durou mais de uma hora e o Presidente dos EUA adiantou que não era prático que Ucrânia aderisse à NATO, coisa que Kiev tem procurado como garantia de segurança futura, segundo a Reuters. Logo a seguir à conversa com Putin, Trump ligou também a Zelensky, que diz que "ninguém quer a paz mais do que a Ucrânia".

A Rússia vê a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte nas suas fronteiras como uma ameaça existencial. Em dezembro de 2021, pouco antes da invasão da Ucrânia, Moscovo enviou ao Ocidente uma lista de exigências de garantias de segurança. As exigências incluíam a proibição de a Ucrânia e outros países da antiga União Soviética aderirem à Aliança Atlântica. Moscovo exigiu também a retirada das tropas e armas da NATO dos países que aderiram à organização depois de maio de 1997. As principais exigências foram rejeitadas pela NATO e pelos Estados Unidos no final de janeiro, tendo Moscovo lançado o ataque à Ucrânia um mês depois, a 24 de fevereiro de 2022.


Com Lusa