
"Não estamos a adotar uma política para enfraquecer a nossa moeda. Se se lembrarem das nossas intervenções no mercado cambial nos últimos anos, compreenderão o que quero dizer", afirmou o ministro das Finanças, Katsunobu Kato, numa conferência de imprensa após os comentários do Presidente norte-americano.
O porta-voz do Governo japonês, Yoshimasa Hayashi, também negou que Tóquio esteja a seguir uma política de controlo cambial e disse que "as questões cambiais continuarão a ser objeto de consultas estreitas" entre Kato e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, como tem acontecido desde a cimeira entre Trump e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, em Washington, a 10 de fevereiro.
Os comentários do Governo japonês surgem horas depois de Trump ter ameaçado impor tarifas adicionais ao Japão e à China, alegando que estes países desvalorizam propositadamente as suas moedas para tirar partido dos benefícios comerciais que a desvalorização cambial oferece.
"É injusto para nós", os Estados Unidos, disse Trump, garantindo que a forma de enfrentar uma situação destas "é fácil, [é] com tarifas".
O Banco do Japão (BoJ) manteve uma política monetária de depreciação cambial durante mais de uma década para tentar manter a inflação em torno do seu objetivo estável de 2%, provocando uma forte desvalorização do iene em relação a outras moedas, especialmente o dólar norte-americano e o euro.
A desvalorização do iene contribuiu para inflacionar os lucros das empresas e o valor das exportações nacionais, além de ter alimentado o 'boom' do turismo.
Nos últimos anos, porém, o Japão interveio várias vezes no mercado cambial para conter desvalorizações acentuadas do iene, refletindo a divergência de políticas monetárias entre o Japão e os Estados Unidos.
Desde que Kazuo Ueda se tornou governador do BoJ em 2023, o banco central japonês entrou num ciclo de subida das taxas, mas o iene continua fraco.
Os comentários de Trump levaram a uma súbita valorização do iene em relação ao dólar, que nas horas anteriores tinha sido negociado na faixa alta de 148 unidades por dólar, antes de se recuperar para 149 unidades.
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