As negociações dos Estados Unidos com a Ucrânia sobre uma trégua na guerra com a Rússia vão decorrer este domingo à noite em Riade, na Arábia Saudita, anunciou uma fonte da delegação ucraniana.

"O encontro com os norte-americanos está marcado para esta noite", disse a fonte ucraniana aos meios de comunicação social, citado pela agência France-Presse (AFP).

À partida para estes contactos negociais sobre o conflito na Ucrânia, que se prolongam na segunda-feira com a reunião dos negociadores norte-americanos e russos, está em cima da mesa a possibilidade de uma trégua parcial de 30 dias em ataques contra infraestruturas e alvos e energéticos, mas Kiev pretende um cessar-fogo total.

Um alto dirigente ucraniano referiu na sexta-feira à AFP que as discussões entre Kiev e os enviados norte-americanos vão concentrar-se nos aspetos técnicos de uma interrupção parcial temporária dos combates a regiões abrangidas, a supervisão da trégua e com que armamento.

O enviado dos Estados Unidos, Donald Trump, Steve Witkoff, expressou o seu otimismo, dizendo que esperava "progressos reais" durante as negociações com a dupla de negociadores enviada pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

"Acredito que veremos um progresso real na Arábia Saudita, particularmente no que diz respeito ao Mar Negro --- um cessar-fogo nos navios entre os dois países e, a partir disso, avançaremos naturalmente para um cessar-fogo total", disse em entrevista à Fox.

Kremlin com baixas expectativas

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, já baixou as expectativas em torno destas novas discussões, sustentando que "é um assunto muito complexo e há muito trabalho a fazer", prevendo negociações difíceis ".

"Estamos apenas no início", advertiu Peskov à televisão russa, antecipando igualmente que o principal tópico de discussão entre russos e norte-americanos será o reatamento do acordo de cereais do Mar Negro, e sem qualquer referência a uma possível suspensão dos combates.

O acordo dos cereais, em vigor entre o verão de 2022 e 2023, permitiu à Ucrânia exportar os seus produtos, vitais para o abastecimento alimentar global, apesar da presença da frota russa no Mar Negro.

A Rússia retirou-se do acordo, que vinculava também as Nações Unidas e a Turquia, passado um ano, queixando-se de que o Ocidente não estava a respeitar os seus compromissos de aliviar as sanções às exportações russas de produtos agrícolas e fertilizantes.

Sinalizando a importância que Kiev e Moscovo atribuem a estas negociações, a delegação ucraniana será liderada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov, enquanto o Presidente russo, Vladimir Putin, decidiu enviar um senador e antigo diplomata de carreira e um oficial do FSB, ambos de menor destaque.

Contrariando os avisos de Kiev e de outras capitais europeias, o enviado especial do Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou à Fox News que não acredita que Vladimir Putin pretenda expandir o conflito além das fronteiras ucranianas.

"Simplesmente não o vejo a querer dominar toda a Europa. É uma situação muito diferente da Segunda Guerra Mundial", quando o exército soviético progrediu até Berlim no conflito contra a Alemanha nazi, defendeu Steve Witkoff sobre o comportamento do líder do Kremlin caso sejam feitas concessões territoriais a Moscovo.