As autoridades italianas recuperaram valiosos artefactos do século III a.C. de uma necrópole etrusca, saqueada por um casal na região de Úmbria, que se deparou com o achado arqueológico numa das suas propriedades.

Os etruscos floresceram no centro de Itália há cerca de 2.500 anos, mas foram gradualmente assimilados pelo império romano. Deixaram para trás túmulos luxuosos, cerâmicas e estátuas, mas poucos documentos escritos e provas fragmentadas da sua vida quotidiana.

Os artefactos, que incluem oito urnas, dois sarcófagos e acessórios de beleza, como espelhos de bronze e um frasco de perfume ainda com o cheiro original, valem, segundo a polícia, pelo menos oito milhões de euros.

Remo Casilli/Reuters

Foram encontrados em Città della Pieve, a cerca de 150 quilómetros a norte de Roma.

Um dos sarcófagos continha o esqueleto completo de uma mulher na casa dos 40 anos, enquanto as urnas estavam decoradas com cenas da mitologia grega e figuras femininas com tinta vermelha ainda visível nos lábios e ouro nas joias.

Apanhados após publicações no Facebook

A polícia apreendeu os artefactos a um casal de empresários italianos que descobriram câmaras funerárias etruscas enquanto escavavam terrenos que lhes pertenciam, disse o Procurador-Geral de Perugia, Raffaele Cantone, numa conferência de imprensa na terça-feira.

Os dois “não tinham nada a ver com o mundo dos assaltantes de túmulos” e foram “desajeitados” e “amadores” na forma como tentaram aceder ao mercado negro da arte saqueada, disse o procurador.

Os Carabinieri apanharam-nos depois de terem publicado na Internet fotografias das suas descobertas, na esperança de encontrarem compradores, o que desencadeou investigações que incluíram escutas telefónicas, vigias e drones de vigilância aérea.

A polícia finalmente apanhou os suspeitos depois de um deles ter publicado no Facebook uma fotografia sua com um dos artefactos roubados, de acordo com Cantone.

A dupla enfrenta acusações relacionadas com roubo e comércio de bens roubados e arrisca-se a penas de prisão até 10 anos, revelou a procuradora Annamaria Greco, que liderou a investigação.

Outro túmulo etrusco, pertencente à mesma família, foi encontrado em Città della Pieve em 2015. Na altura, o agricultor que fez a descoberta comunicou-a às autoridades e recebeu cerca de 100 mil euros como recompensa.

Città della Pieve fica perto de San Casciano dei Bagni, uma aldeia toscana onde foi anunciada uma importante descoberta arqueológica em 2022, com antigas estátuas de bronze encontradas entre a lama de banhos termais outrora utilizados por etruscos e romanos.