
Os Estados Unidos e o Irão reúnem-se este sábado em Omã para uma terceira ronda de negociações sobre o programa nuclear iraniano, após contactos anteriores considerados construtivas pelos dois países, inimigos há quatro décadas.
Estas conversações, mediadas por Omã, acontecem na sequência de reuniões que ocorreram nos dias 12 de abril, em Mascate, e 19 de abril, em Roma.
Teerão e Washington não mantêm relações diplomáticas desde 1980, sendo estas conversações as primeiras a este nível desde que os Estados Unidos se retiraram, em 2018, durante a primeira presidência de Donald Trump, de um acordo internacional assinado três anos antes e que enquadrava o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções.
O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, e o enviado dos Estados Unidos para o Médio Oriente, Steve Witkoff, conduzem as negociações em Omã, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros de Omã, Badr al-Boussaïdi, atuará como mediador, segundo o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaïl Baghaï.
Antes das negociações de alto nível, está prevista uma sessão de conversações técnicas entre peritos. As conversações terão início por volta das 08:30 GMT (09:30 em Lisboa), segundo a televisão estatal iraniana, que não especificou se se trataria da reunião técnica ou entre altos responsáveis.
Reunião de 19 de abril foi descrita como "boa" pelos dois países
"Para que as negociações avancem, é necessário que haja uma demonstração de boa vontade, seriedade e realismo por parte da outra parte", disse Baghai na sexta-feira.
Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel suspeitam que o Irão pretende adquirir armas nucleares. Teerão rejeita estas alegações, defendendo o seu direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente energéticos.
O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, disse que o seu país planeia construir 19 novos reatores, segundo o texto de um discurso a proferir numa conferência e publicado na terça-feira na sua conta oficial no X.
Trump retirou o seu país do acordo nuclear em 2018
Em 2018, Trump retirou o seu país do acordo nuclear alcançado em Viena em 2015 e restabeleceu as sanções. Em retaliação, o Irão distanciou-se gradualmente do texto, nomeadamente através do enriquecimento de urânio a um nível elevado.
Esta semana, Araghchi expressou o "otimismo cauteloso" do seu país em relação ao processo em curso.
Desde o seu regresso à Casa Branca, Donald Trump relançou a sua política de "pressão máxima" sobre o Irão, apelando, em março, à negociação de um novo acordo e ameaçando bombardear o país se a diplomacia falhar.
Em declarações publicadas na sexta-feira pela revista Time, disse estar pronto para se encontrar com o guia supremo iraniano ou com o Presidente do país.
Na terça-feira, Washington anunciou novas sanções contra o setor petrolífero iraniano. Teerão denunciou uma "abordagem hostil".