Centenas de imigrantes continuam à espera há mais de um ano para terem o cartão de residência. Um documento essencial para terem acesso aos cuidados de saúde e para estarem legais no país.

O Governo garante que há menos processos pendentes, mas no Porto há pessoas que dormem à porta da Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) para conseguir ver a situação resolvida.

“Já é a quarta noite que vimos aqui e não temos senha, porque só dão 15 a 20 senhas. Há muitas pessoas com crianças, no frio e não nos dão uma solução”, conta à SIC uma das imigrantes à porta da AIMA do Porto.

Mudaram de casa, de país, conseguiram trabalho em Portugal, mas continuam com o documento de residência bloqueado e, com isso, impedidos de ter acesso a situações básicas.

A falta de respostas para pessoas que, em muitos casos, estão sozinhas, falam outro idioma e se deparam constantemente com bloqueios burocráticos e falhas no sistema.

Um problema que já se arrasta desde o ano passado e que tem atingido dimensões desumanas.

O Governo fez um acordo com a Ordem dos Advogados para tentar acelerar os processos pendentes de regularização dos imigrantes em Portugal. Promete zerar os processos até ao final de junho.

Em Lisboa, centro de Telheiras ajudou a acelerar os processos

Na região de Lisboa, há imigrantes que dizem que o processo está a decorrer mais rapidamente desde que abriu o centro de atendimento de Telheiras. O espaço faz parte da estrutura de missão criada pelo Governo para dar resposta aos milhares de processos pendentes.

Bruno Lima é do Rio de Janeiro. Chegou a Portugal há um ano, quando entregou a manifestação de interesse na AIMA. Concluiu o processo de regularização de residência na manhã desta segunda-feira.

“Já está tudo formalizado, agora é só esperar. Comparando com outras pessoas, foi rápido”, diz à SIC.

O primo de Bruno está em Portugal desde 2019. Só teve o cartão de residência em 2022.

Mas há quem tenha esperado mais. A pandemia atrasou ainda mais os processos e, sem a residência regularizada, há vidas que ficaram em suspenso.

Este centro de atendimento em Telheiras abriu há quatro meses. Faz parte da estrutura de missão do Governo para dar resposta aos milhares de processos pendentes. Apesar da grande afluência, os imigrantes dizem que o atendimento tem sido eficaz.

Dos 400 mil processos que estavam pendentes em setembro, o Governo garante que já deu resposta a, pelo menos, 150 mil.