O Hamas considera que os comentários do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre os Estados Unidos assumirem o controlo da Faixa de Gaza são “ridículos e absurdos”.

“Os comentários de Trump sobre o seu desejo de controlar Gaza são ridículos e absurdos, e quaisquer ideias desse tipo são capazes de inflamar a região”, disse o presidente do Hamas, Sami Abu Zuhrisaid, à agência Reuters.

O grupo alerta que as ações dos Estados Unidos podem destabilizar todo o Médio Oriente. Quanto à sugestão de expulsar os palestinianos do território, o Hamas avisa que pode gerar caos e tensão na região.

Faixa de Gaza, a “Côte d'Azur do Médio Oriente”

Donald Trump disse ainda que poderia transformar a Faixa de Gaza na "Côte d'Azur do Médio Oriente".

"Temos uma oportunidade de fazer uma coisa que pode ser fenomenal", insistiu o Presidente norte-americano, afirmando que gostaria de supervisionar a reconstrução do enclave bombardeado.

A Côte d'Azur ou Riviera Francesa, junto ao Mediterrâneo, é conhecida pelos pontos turísticos entre Saint-Tropez e o principado do Mónaco.

"A posição racista americana está alinhada com a da extrema-direita israelita na deslocação do nosso povo e na eliminação da nossa causa", disse Abdel Latif al-Qanou, porta-voz Hamas reagindo às declarações do Presidente dos Estados Unidos.

O encontro a dois na Casa Branca

No início da reunião com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, os dois líderes discutiram o cessar-fogo e o acordo de reféns entre Israel e o Hamas, com Trump a declarar que: “Não acho que as pessoas devam regressar”.

“Não se pode viver em Gaza neste momento. Acho que precisamos de outro local. Penso que deve ser um local que faça as pessoas felizes. (…) Se olharmos para as décadas passadas, só há mortes em Gaza. ”sto está a acontecer há anos. É tudo morte. Se conseguirmos uma área bonita para reinstalar as pessoas, permanentemente, em casas bonitas onde possam ser felizes e não sejam baleadas e não sejam mortas e não sejam esfaqueadas até à morte como está a acontecer em Gaza".

Questionado sobre quantos palestinianos deveriam ser realojados, Trump respondeu: "Todos eles. Provavelmente 1,7 milhões, talvez 1,8 milhões. Mas penso que todos. Seriam reinstalados num local onde possam ter uma vida bonita", disse citado pela EFE.

O Presidente dos EUA Trump descreveu ainda a Faixa de Gaza como um "local de demolição" e disse, que, depois de olhar "de todos os ângulos" para as fotografias do enclave, após a guerra com Israel, chegou à conclusão de que "aquele lugar é um inferno, é muito perigoso e ninguém pode viver lá"

"Não acho que as pessoas devam regressar a Gaza. Vivem como se estivessem no inferno. Gaza não é um sítio onde se possa viver e a única razão pela qual querem voltar, e acredito firmemente nisto, é porque não têm outra alternativa. Qual seria a alternativa? Se tivessem uma alternativa, prefeririam não regressar a Gaza e viver num lugar bonito e seguro", sustentou.

Já o primeiro-ministro israelita reconheceu o envolvimento do Presidente dos Estados Unidos no cessar-fogo em Gaza, alcançado em 19 de janeiro, e espera que a sua ajuda contribua para fazer avançar a segunda fase das negociações.

"Quando Israel e os Estados Unidos trabalham em conjunto, e o Presidente Trump e eu trabalhamos juntos, as hipóteses aumentam muito. Quando não trabalhamos juntos, isso cria problemas", afirmou Benjamin Netanyahu, no início da reunião, citado pela agência espanhola EFE.

Esta é o primeiro encontro de Trump com um líder estrangeiro desde o arranque do seu segundo mandato. É também a primeira vez que Netanyahu sai de Israel desde que o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura em novembro, uma decisão que Washington condenou veementemente e cuja jurisdição não reconhece.