O presidente do Chega, André Ventura, reconhece que há "factos perturbadores" no caso de Miguel Arruda, suspeito de roubar malas em aeroportos. O líder do partido considera que o deputado, que se desfiliou do Chega, ainda tem muito por esclarecer.

A reunião entre os dois, na Assembleia da República, esta quinta-feira, demorou pouco mais do que meia hora. À saída, Miguel Arruda garantiu estar inocente e que as malas encontradas em casa são suas.

Já André Ventura, em declarações aos jornalistas, reafirma que, perante as suspeitas, deu duas hipóteses a Miguel Arruda para continuar vinculado ao Chega: a renúncia do mandato ou a suspensão do mesmo.

"O que transmiti como presidente do partido foi: 'não posso permitir que continues no grupo parlamentar nestas circunstâncias'", acrescenta.

Contudo, Miguel Arruda optou por seguir um caminho diferente: desvincular-se do partido e passar a deputado independente.

Desta forma, o Chega passa a ter uma bancada oficial de 49 parlamentares.

"Deixei claro que a tomada de decisões contrárias àquilo que nos parece ser o bom senso partidário teria de levar uma ação disciplinar por parte do Chega (...). Transmiti que haveria consequências ", afirma.

Questionado se haverá ação disciplinar, Ventura esclarece: "Se depois disto tudo o deputado Miguel Arruda decidisse que não iria fazer nada, então a minha decisão estava tomada: tiraria a confiança política". Contudo, a decisão está tomada: Arruda desfilou-se do Chega.

"Há factos perturbadores"

Aos jornalistas, o presidente do Chega reconhece ainda que há "decisões difíceis" de tomar e que tem de pôr a sua consciência "acima de amizades ou interesses pessoais".

"Há factos aqui que são perturbadores , que é o facto de haver imagens de videovigilância com três malas a entrar e uma a sair", reconhece, acrescentando que é "bom que haja uma explicação muito razoável ".

O presidente do Chega não diz se acredita, ou não, em Miguel Arruda, mas salienta que os deputados do Chega têm de dar um "exemplo de transparência e integridade".

O agora deputado independente garante estar inocente e que as malas encontradas em casa são suas.

Suspeitas de furto de malas em aeroportos

A PSP realizou, na terça-feira, buscas nas casas do deputado em Lisboa e em São Miguel, nos Açores, por suspeitas de crimes de furto qualificado e contra a propriedade. Posteriormente, Miguel Arruda foi constituído arguido.

É suspeito de roubar bagagens nos aeroportos de Lisboa e de Ponta Delgada. O deputado esconderia, na casa de banho, a mala furtada dentro de outra de maior dimensão.

Ao que a SIC apurou, nas imagens de videovigilância é possível observar o deputado do Chega a aproximar-se do tapete de bagagens, a pegar em duas malas - na dele e, alegadamente, na de outro passageiro - e a seguir entra numa casa de banho com essas duas malas, saindo apenas com uma. Terá colocado a mala mais pequena, propriedade de outro passageiro, dentro da mala maior, e saído do aeroporto como se nada fosse.

Os investigadores já consultaram as imagens de videovigilância dos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada desde novembro - quando começaram as denúncias - e estão neste momento a visionar as imagens dos meses anteriores.