
Herry Mané referiu que na Guiné-Bissau multiétnica, há regiões onde as crianças apenas falam e compreendem a língua da respetiva etnia, o que constituiu uma dificuldade na escola.
O ministro da Educação Nacional, Ensino Superior e Investigação Científica da Guiné-Bissau falava a propósito do Dia Internacional da Língua Materna, assinalado a 21 de fevereiro e instituído pelos Nações Unidas para promover a preservação de todas as línguas no mundo.
A Guiné-Bissau fez um estudo e chegou à conclusão de que nem todos os guineenses sabem falar português, a língua oficial, nem mesmo o crioulo, o mais comum entre a população.
"Há regiões em que as crianças falam mandinga só, ou então falam biafada. Temos que começar a pensar como introduzir essas situações no próprio ensino", afirmou o ministro.
Herry Mané defende que é preciso "usar línguas que os alunos compreendem", à semelhança do que acontece noutros países, como o Burundi, onde o francês é nuclear, mas nas escolas ensina-se na língua materna.
"O português é a nossa língua oficial, o crioulo nunca pode ser uma língua oficial, mas é a língua falada por todos nós. Temos que dar valor àquilo que temos para que as crianças não esqueçam as suas raízes", considerou.
Segundo o ministro, a solução terá que partir do Instituto Guineense para o Desenvolvimento do Ensino (INDI) e o Governo, em Conselho de Ministros decidirá "se vale a pena e como fazer".
"É algo para o futuro", apontou.
A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou o Dia Internacional da Língua Materna em 2002.
A ONU pediu aos países membros que promovessem a preservação de todas as línguas no mundo, destacando a importância das línguas para o desenvolvimento, a diversidade cultural e o diálogo intercultural.
O propósito principal desta celebração é promover a preservação e o uso das línguas maternas, destacando o seu papel essencial na educação e no desenvolvimento sustentável. A data também visa sensibilizar para a perda de línguas em risco de desaparecer devido à globalização e mudanças sociais, e a importância da educação multilingue, especialmente para línguas minoritárias e indígenas.
HFI // VM
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