São ouvidos esta quarta-feira os sete guardas prisionais e o chefe da guarda que foram alvos de um processo disciplinar pela inspeção da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, após a fuga de cinco prisioneiros da cadeia de Vale de Judeus.

Os interrogatórios, que se estendem até às a 15:30 desta quarta-feira, arrancaram às 10:00.

Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), confessa à SIC que vê “com surpresa” os interrogatórios a que os sete profissionais estão a ser sujeitos.

Garante ainda que os guardas em questão “estão tranquilos” porque, no dia da evasão dos detentos, “cumpriram todas as regras e o que a escala mandava fazer”.

O relatório da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais aponta várias falhas aos guardas, mas Frederico Morais não tem dúvidas: “As falhas são do sistema prisional”.

“As falhas que nos apontam são as escalas que nos obrigam a estar escalados em três ou quatro sítios ao mesmo tempo no mesmo dia (...) Não há guardas para fazer tudo. Ou não se faz tudo ou então não há outra solução .”, acrescenta.

O presidente sindical teme que o SNCGP esteja a ser usado como “bode expiatório para as falhas do sistema”.

Frederico Morais entende também que “os verdadeiros responsáveis” não constam na acusação e aponta responsabilidades:

“Falta o senhor diretor -geral [dos Serviços Prisionais], que se demitiu na altura e que nem sequer está no processo, ele que era o responsável máximo pela segurança das cadeias a nível nacional. Falta aqui quem fez a escala de serviço , que também é responsável.”

Pedro Proença, advogado dos guardas, garante desconhecer os factos que estão a ser apontados aos profissionais e lamenta a morosidade de todo o processo.

A convocatória para interrogatório pelo Serviço de Auditoria e Inspeção (SAI) da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) foi remetida ao estabelecimento prisional de Vale de Judeus a 06 de março.

Os processos disciplinares foram abertos pela ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, após recomendação do relatório elaborado pelo SAI e entregue ao Governo a 17 de outubro, cerca de um mês após a fuga.

Todos os fugitivos foram recapturados

A Polícia Judiciária recapturou em fevereiro, em colaboração com a polícia espanhola, os dois últimos evadidos dos cinco que a 07 de setembro de 2024 fugiram de Vale de Judeus.

Rodolfo Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, e Mark Roscaleer, britânico de 35, foram detidos pela Policia Nacional espanhola.

Fábio Loureiro, português de 33 anos, foi recapturado em 07 de outubro de 2024 em Tânger, Marrocos, e aguarda extradição para Portugal.

Um mês mais tarde, Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos e também português, foi detido numa casa numa pequena localidade do concelho de Montalegre.

Em 10 de dezembro, o georgiano Shergili Farjiani, de 40 anos, foi recapturado em Itália.

Quando fugiram, os cinco reclusos cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros crimes.

Com Lusa