Um homem francês terá drogado a mulher para que esta fosse violada por dezenas de desconhecidos enquanto estava inconsciente. O caso está a chocar França, onde o julgamento de Dominique Pélicot, de 71 anos, e de outros 50 homens, começou na segunda-feira.
Os crimes sexuais terão começado em 2011 e terão ocorrido na casa do ex-casal em Mazan, no sul do país. Segundo a Associated Press (AP), Gisèle Pélicot desconhecia as violações até há quatro anos, altura em que o arguido foi apanhado a tirar fotografias por baixo das saias de várias mulheres num supermercado.
Ao revistar o telemóvel e computador de Dominique, a polícia deparou-se com milhares de fotografias e vídeos de homens que pareciam violar Gisèle enquanto ela aparentava estar inconsciente.
A vítima, que pôs termo ao casamento de 50 anos quando soube dos crimes, insistiu que o julgamento fosse aberto ao público para que o seu testemunho possa ajudar a evitar que outras mulheres passem pelo mesmo.
Outros suspeitos têm entre 22 e 70 anos
De acordo com a AP, os investigadores encontraram publicações do suspeito num site de mensagens muito utilizado por criminosos, entretanto desativado, onde recrutava homens para abusarem sexualmente da sua esposa.
Uma vez que Dominique filmou as violações, a polícia conseguiu, ao longo de um período de dois anos, localizar 50 dos 72 suspeitos que procurava. Estes 50 homens, com idades entre os 22 e os 70 anos e provenientes de diferentes classes sociais, também estão a ser julgados.
Alguns dos arguidos admitem ser culpados dos crimes, outros dizem que achavam que Gisèle estava a fingir dormir e outros alegam que foram manipulados por Pélicot. Se forem condenados, os suspeitos poderão ter de cumprir até 20 anos de prisão.
Os 50 homens deverão comparecer em tribunal em pequenos grupos para depor perante um painel de cinco juízes. O julgamento, que decorre até dezembro, vai ainda contar com os testemunhos de psicólogos, psiquiatras e especialistas em informática.
O suspeito principal irá pronunciar-se em tribunal na próxima semana. De acordo com Beatrice Zavarro, advogada de Dominique citada pela Reuters, o seu cliente reconhece que é responsável pelos crimes.