Num comunicado, os militares sublinharam que o fim do cerco restaura o acesso a uma área estratégica na região centro-sul e reforça rotas cruciais de abastecimento.

O porta-voz do exército, general Nabil Abdullah, disse que os militares também expulsaram as RSF do último bastião na província do Nilo Branco (sul), noutro revés para o grupo paramilitar.

Abdullah disse que as tropas conseguiram reabrir a estrada para Obeid e quebrar o cerco da RSF à capital da província de Kordofan do Norte, que alberga uma ampla base aérea e a 5ª Divisão de Infantaria militar, conhecida como Haganah.

Uma base para comércio e transportes, Obeid é servida por uma linha de caminhos-de-ferro que liga Cartum a Nyala, a capital da província do Darfur do Sul.

O ministro das Finanças, Jibril Ibrahim, saudou o avanço em Obeid como um "grande passo" para levantar o cerco da RSF a el-Fasher, a capital da província de Darfur do Norte, bem como para entregar ajuda humanitária à área de Kordofan.

As RSF têm vindo a perder território para o exército, especialmente nos dois estados de Cartum e Al Jazira, no Nilo Branco, e no Cordofão do Norte, a oeste, adjacente à região de Darfur, onde os paramilitares detêm a maior parte da área.

O anúncio do fim do cerco a Obeid surgiu um dia depois das RSF e outros 23 grupos político-militares terem assinado na capital do Quénia, Nariobi, um acordo para formar um governo paralelo no Sudão.

Na carta política da chamada Aliança Fundadora do Sudão, os grupos paramilitares e políticos acordam princípios e fundamentos para a construção de um "novo Sudão", que seja "um Estado secular" e "democrático", baseado num "princípio de unidade voluntária" e "descentralizado", abrindo caminho à "autodeterminação" dessas zonas.

A assinatura deste acordo teve lugar no sábado à noite na capital queniana, após meses de conversações entre as partes envolvidas.

Na carta, os grupos afirmam querer que o novo governo nas zonas controladas pelos paramilitares, como o Darfur ocidental e partes do Kordofan, se baseie na "liberdade, igualdade e justiça" e no "respeito pela diversidade".

O novo governo deverá ser baseado na "liberdade, na igualdade e na justiça" e no "respeito pela diversidade".

Tudo isto, segundo os participantes, será efetuado sob um "governo de unidade, de paz e de estabilidade duradoura", mas com a possibilidade de ser concedido ao povo sudanês o direito à "autodeterminação".

A guerra no Sudão causou até agora dezenas de milhares de mortes e obrigou cerca de 12 milhões de pessoas a fugir das suas casas, mais de 3 milhões das quais para outros países, o que faz do país o cenário da pior crise de deslocações do mundo, segundo a ONU.

VQ (AJR) // VQ

Lusa/fim