Eurico Castro Alves respondeu esta terça-feira no Parlamento à acusação, feita pelo Bloco de Esquerda, de que tem agido como um ministro sombra da Saúde. O ex-coordenador do Plano de Emergência para a Saúde saiu em defesa da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e nega ter esse nível de influência no setor.
O médico considera "extremamente justo e perverso" as acusações de que é o ministro sombra da Saúde.
Eurico Castro Alves refere que a ministra Ana Paula Martins "está na saúde desde sempre" e, por isso, não concorda que o nome da ministra seja posto em causa:
"Não me parece bem que venham trazer coisas que afetam a dignidade das pessoas, que são injuriosas e que estão a atrapalhar a sua capacidade de raciocínio."
As críticas do Bloco
Na passada semana, o deputado do Bloco de Esquerda, Fabian Figueiredo, acusou o Governo de alimentar a partidarização dos cargos públicos e apontou como exemplo o facto de o Plano de Emergência para a Saúde ter sido desenhado "por um homem forte do PSD da área da saúde, Eurico Castro Alves, que por sua vez depois integra o grupo de trabalho para avaliar esse mesmo programa de emergência que atribui milhões de euros à Misericórdia do Porto para tratar de doentes do SNS".
"E veja-se, esse mesmo Eurico Castro Alves, mais vários colegas do partido do PSD integram os órgãos sociais da Misericórdia do Porto que detém o Hospital da Perlada, que vai receber milhões de euros para tratar de utentes do Serviço Nacional de Saúde. Mas destas histórias de partidarização, de promiscuidade, em que o cartão partidário dá acesso a áreas, a cargos de gestão no SNS, tem-se também a regra em cada vez mais unidades locais de saúde", acusou.
Anteriormente em janeiro, na sequência da demissão de Gandra D'Almeida do cargo de diretor executivo do SNS, a deputada bloquista Isabel Pires já tinha afirmado que o social-democrata Álvaro Almeida, nomeado para este lugar, pertence a uma "rede clientelar" ligada ao setor privado que o Governo "está a instalar" no setor da saúde.
Em novembro de 2023, esteve também em marcha um abaixo-assinado para exigir que a Ordem dos Médicos não permitisse que Eurico Castro Alves representasse a classe profissional no grupo de acompanhamento do Plano de Emergência para o Serviço Nacional de Saúde.
Na carta, dirigida a Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, os subscritores consideram que Eurico Castro Alves estava numa situação de conflito de interesses, por também liderar o grupo que desenhou esse Plano de Emergência.
Com Lusa